Olá pessoal ...
Hoje apresento um poema famoso de Ferreira Gullar intitulado “O Açúcar”. Este poema nos faz pensar nas condições do trabalhador rural. Também nos ajuda a perceber que tudo que chega a nossas mãos, hoje, passou por uma longa ‘estrada’ onde foi transformado, alterado e até ‘camuflado’ para ser apresentado em um pegue-pague (supermercado ou algo do gênero) qualquer.
O branco açúcar que adoçará meu café
Nesta manhã de Ipanema
Não foi produzido por mim
Nem surgiu dentro do açucareiro por milagre.
Vejo-o puro
E afável ao paladar
Como beijo de moça, água
Na pele, flor
Que se dissolve na boca. Mas este açúcar
Não foi feito por mim.
Este açúcar veio
Da mercearia da esquina e
Tampouco o fez o Oliveira,
Dono da mercearia.
Este açúcar veio
De uma usina de açúcar em Pernambuco
Ou no Estado do Rio
E tampouco o fez o dono da usina.
Este açúcar era cana
E veio dos canaviais extensos
Que não nascem por acaso
No regaço do vale.
Em lugares distantes,
Onde não há hospital,
Nem escola, homens que não sabem ler e morrem de fome
Aos 27 anos
Plantaram e colheram a cana
Que viraria açúcar.
Em usinas escuras, homens de vida amarga
E dura
Produziram este açúcar
Branco e puro
Com que adoço meu café esta manhã
Em Ipanema.
Ferreira Gullar
Nesta manhã de Ipanema
Não foi produzido por mim
Nem surgiu dentro do açucareiro por milagre.
Vejo-o puro
E afável ao paladar
Como beijo de moça, água
Na pele, flor
Que se dissolve na boca. Mas este açúcar
Não foi feito por mim.
Este açúcar veio
Da mercearia da esquina e
Tampouco o fez o Oliveira,
Dono da mercearia.
Este açúcar veio
De uma usina de açúcar em Pernambuco
Ou no Estado do Rio
E tampouco o fez o dono da usina.
Este açúcar era cana
E veio dos canaviais extensos
Que não nascem por acaso
No regaço do vale.
Em lugares distantes,
Onde não há hospital,
Nem escola, homens que não sabem ler e morrem de fome
Aos 27 anos
Plantaram e colheram a cana
Que viraria açúcar.
Em usinas escuras, homens de vida amarga
E dura
Produziram este açúcar
Branco e puro
Com que adoço meu café esta manhã
Em Ipanema.
Ferreira Gullar
Boas reflexões!
Abraços
Podemos refletir também, sobre o injusto sistema de produção capitalista : excludente, imperialista , opressor...Sistema que manipula, maqueia, aniquila, ALIENA, e sobretudo esconde os que produzem as riquezas para serem abocanhadas por poucos.
ResponderExcluirFerreira sentiu na pele as garras da ditadura na década de 60 no Brasil, de modo a apresentar em seus poemas refexões sociais sobre trabalhadores excuidos dos meios de produção, desvalorizados e esquecidos, "frutos" do capitalismo imperialista.
ResponderExcluirÉ verdade... Por isso escolhi esse poema, ele foi de grande ajuda para minhas aulas quando busquei refletir sobre as questões que vocês mencionaram. Aproveito para pedirem que "curtam" o blog pelo facebook, assim vocês receberão as novas atualizações em seu mural. Um forte abraço a todos!
ResponderExcluirIsso é o exercício da dialética de Marx, o que Marx demorou uma vida para nos mostrar, Gullar fez em pouco tempo e em poema.
ResponderExcluirAlguém pode me ajudar na resposta da 10 ?????
ResponderExcluirQuais os lugares citados no texto como esses lugares estabelecem relações entre si
ResponderExcluirA ambientação é o nordeste brasileiro, local de nascimento do autor , que tem influência na produção poética. Fazendo referência a essa atividade laboral ( extração de cana ) que todavia é degradante ao trabalhador.
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