Olá pessoal...
Com o novo código florestal aprovado, as discussões em torno das depravações ambientais cometidas nas obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) ficaram em segundo plano.
Não custa relembrar, por exemplo, os problemas ambientais causados pela construção da usina de Belo Monte na bacia do rio Xingu. Ao meio de muitas discussões, a construção da usina é considerada a maior obra do Governo Federal e, não apenas por isso, vem sendo alvo de críticas, debates e protestos. Em 2009 aprovou-se o EIA (Estudo de Impacto Ambiental) e em 2010 o Ministério do Meio Ambiente (MMA) concedeu a licença ambiental prévia para a construção.
No entanto, mesmo sendo ‘empurrada’ a força pelo governo às populações ribeirinhas e as comunidades indígenas, não se observa o debate sobre o assunto na mídia. Principalmente quando estamos nos referindo aos possíveis problemas ambientais gerados. Segundo especialistas, com a construção da usina de Belo Monte, as Inundações serão constantes nos igarapés de Altamira (onde hoje as inundações são zonais); haverá redução da vazão da água e bloqueio do transporte fluvial até o Rio Bacajá; remanejamento de famílias locais sem prover a tais uma infra-estrutura básica de sobrevivência no local do remanejamento e, por fim, provavelmente, ocorrerá alteração do regime do rio relacionado aos meios bióticos e socioeconômicos. Porque não vemos falar destes grandes problemas causados pela obra? Talvez porque o governo não permite! Ou talvez porque eles não me afetam! Já disse isso em outras postagens e acho importante reforçar: quando estamos falando em meio ambiente, precisamos deixar de lado o pensamento subjetivo/egoísta e pensar no bem estar social/econômico de todos. Somente assim, coma participação da sociedade civil, as questões relativas ao nosso bem estar (inclusive e principalmente ligadas ao meio ambiente) serão conhecidas, discutidas e resolvidas.
Ainda existem outras informações que são de relevância neste assunto. Com isso, visando esclarecer a população e reforçar o seu posicionamento a AGB (Associação dos Geógrafos Brasileiros), em seu site oficial, lançou um comunicado a respeito desta grande obra. Este comunicado, reproduzido abaixo, nos ajuda a pensar, ainda mais, sobre isso. Observem...POSIÇÃO DA ASSOCIAÇÃO DOS GEÓGRAFOS BRASILEIROS EM RELAÇÃO À USINA HIDROELÉTRICA DE BELO MONTE.
A Associação dos Geógrafos Brasileiros (AGB) manifesta seu apoio aos povos indígenas e ribeirinhos da Amazônia brasileira que estão mobilizados contra a construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte.
A AGB se alinha a todos os que são contrários à construção desta usina pelos impactos que a mesma produzirá na ecologia regional, assim como pela desestruturação do modo de vida das populações que vivem no entorno da usina.
As inúmeras evidências dos danos ambientais e sociais gerados pela construção de grandes hidrelétricas na Amazônia, como são os casos de Tucuruí e Balbina, são mais do que suficientes para fazer com que a sociedade civil brasileira se oponha a mais esta obra faraônica proposta pelo governo brasileiro em associação com grandes empreiteiras e que se destina, sobretudo, a sustentar a demanda de energia de projetos industriais e de extração mineral e que nenhum benefício trará para os habitantes do entorno da usina, a exemplo do que ocorre em Tucuruí e Balbina, onde povoados situados a poucos quilômetros das usinas não dispõem de energia elétrica.
Também apoiamos a manifestação recente da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) da Organização dos Estados Americanos (OEA) que solicitou oficialmente que o governo brasileiro suspenda imediatamente o processo de licenciamento e construção do Complexo Hidrelétrico de Belo Monte, no Pará, citando o potencial prejuízo da construção da obra aos direitos das comunidades tradicionais da bacia do rio Xingu. A decisão da CIDH/OEA -que é uma resposta à denúncia encaminhada em novembro de 2010 em nome de várias comunidades tradicionais da bacia do Xingu pelo Movimento Xingu Vivo Para Sempre (MXVPS), Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab), Prelazia do Xingu, Conselho Indígena Missionário (Cimi), Sociedade Paraense de Defesa dos Direitos Humanos (SDDH), Justiça Global e Associação Interamericana para a Defesa do Ambiente (AIDA) - vem em boa hora para reforçar a luta dos povos amazônicos e dos segmentos da sociedade brasileira que não aceitam que o direito à vida e a natureza sejam subordinados aos interesses do capital.
Nesse sentido, lamentamos as tentativas do governo brasileiro de desqualificar a resolução CIDH/OEA, uma vez que a mesma está respaldada na Convenção Americana de Direitos Humanos, na Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), na Declaração da ONU sobre Direitos Indígenas, na Convenção sobre Biodiversidade (CBD) e na própria Constituição Federal brasileira (Artigo 231).
Por tudo isso, conclamamos a comunidade geográfica a se juntar à luta contra a construção da Usina de Belo Monte e nos juntamos a tantas outras entidades que também já se manifestaram de forma contrária a mais essa agressão que está sendo levada a cabo pelo governo brasileiro contra a natureza e os povos amazônicos.
Por: Diretoria Executiva Nacional da AGB.
Em: 14 de Abril de 2011.
Disponível em: < http://www.agb.org.br/documentos/Posicao_da_AGB_Belo_Monte_2011.pdf>.
Acesso em 11 de Maio, 2011.
Não deixem de comentar...
Boas reflexões!
Abraços!
Nenhum comentário:
Postar um comentário