O que a morte de Bin Laden esconde?

Olá pessoal...

A morte de Bin Laden caiu como uma ‘luva’ para os estadunidenses. A crise social e econômica toma conta dos EUA – porém a mídia não noticia. A captura e morte do líder da Al Qaeda vem para amenizar todas as dificuldades hodiernas enfrentadas por este país.
 Sua morte representa queima de arquivo, abalos a conjuntura interna no Paquistão e a necessidade de se alavancar a popularidade de Barack Obama. Todas essas e outras justificativas podem ter impulsionado a ação militar norte-americana. Mas, vejamos até quando ela (a morte de Osama Bin Laden) conseguirá suportar (ou pelo menos amenizar) toda essa pressão. Talvez, até o próximo ataque terrorista a “América”!
O artigo abaixo nos ajuda a refletir sobre as aparências e as verdadeiras intenções estadunidenses em matar o terrorista...


O QUE A MORTE BIN LADEN ESCONDE?
  
Barack Obama vibrou. A notícia é a de que o terrorista saudita Osama Bin Laden foi executado com um tiro na cabeça em uma operação realizada no dia 1º por 24 homens de um grupo de elite da Marinha estadunidense. Até o fechamento desta edição (no dia 3), a filmagem da operação, transmitida ao vivo na Casa Branca, ainda não havia sido veiculada.
Esse e outros fatos colocam as circunstâncias da morte de Bin Laden atrás de uma cortina nebulosa. Para o clima ficar ainda mais incompreensível, o Pentágono anunciou que o corpo do terrorista foi lançado no mar da Arábia e se defende de tal ação argumentando que seu túmulo poderia se transformar num santuário do radicalismo.
Surgem as dúvidas. Por que somente agora o encontraram? E toda a tecnologia à disposição dos agentes secretos estadunidenses? Por que eles não se valeram dos inimigos políticos paquistaneses da Al Qaeda?
“Tudo indica que Bin Laden estava sendo monitorado e acompanhado há anos pelos Estados Unidos”, afirma o professor de geopolítica da Fundação Santo André, Marcelo Buzetto. Para sustentar sua posição, ele cita o livro Guerra e globalização, do escritor canadense Michel Chossudovsky, que aponta que, já em 2001, o dia a dia do saudita era observado pela inteligência estadunidense, visto que haviam surgido informações de que, na época, ele teria sido atendido num hospital paquistanês.

VULNERÁVEL
Bin Laden estava vulnerável, fácil de ser capturado. É o que defende Buzetto. Segundo ele, “setores da oposição ao governo do Paquistão já denunciavam há vários anos que o terrorista vivia no país e nunca houve nenhum movimento, até mesmo diplomático, dos Estados Unidos, para capturá-lo”, acrescenta.
O professor de Relações Internacionais da Universidade de Brasília (UnB), Virgílio Arraes, também se embrenha na política paquistanesa para compreender o assassinato de Bin Laden, mas acredita que a localização do terrorista pode ter sido justamente atribuída a um “dissenso” criado dentro do governo. “Enfraquecido, o atual governo pode ter negociado com os Estados Unidos a entrega de Bin Laden em troca de maior apoio político e econômico, dado que não seria possível para o grupo dele [Bin Laden] residir próximo a uma academia militar incólume por muito tempo, a não ser que houvesse um acordo (oficioso, ao menos)”, conclui.
Aliás, de acordo com o sociólogo José Farhat, por conta desse dissenso dentro do governo paquistanês e por este país se configurar como uma “democracia de fachada”, algumas instalações governamentais que apoiam os Estados Unidos e aliados tendem a sofrer uma escalada de ataques terroristas.

TRIBUNAL
Ainda sobre as circunstâncias do assassinato do saudita, por que os Estados Unidos perderam a grande oportunidade prendê-lo e, por meio de interrogatório, descobrir até onde os braços da Al Qaeda vão?
“Não terem o cuidado de o prenderem e levá-lo a um julgamento, se fosse o caso, até a um tribunal internacional, só fortalece a tese de queima de arquivo. Ou seja, demos armas, dinheiro e apoio politico a ele, e depois perdemos o controle”, acredita Buzetto (leia matéria nesta página).
O professor de geopolítica reforça que não é a primeira vez na história que os Estados Unidos neutralizam ex-aliados. Ele traça um paralelo com a história política do ex-presidente do Iraque. “Saddam Hussein iniciou a guerra Irã-Iraque com o dinheiro e as armas dos Estados Unidos, e, de 1980 a 1988, foi aliado dos Estados Unidos. Foi morto [enforcado em 2006] após aquele julgamento apressado”, lembra.
Mesmo com todas as dúvidas e rumores que rondam as ações e intenções de Barack Obama, grande parte da imprensa internacional celebra o acontecimento como a “vitória contra o terrorismo”. O presidente estadunidense comemorou ainda mais, dado o repentino aumento de alguns pontos percentuais de sua popularidade. “É a primeira vitória de Obama nas duas guerras, ainda que simbólica. Isso pode significar um ânimo maior na campanha eleitoral para a presidência [em 2012], mas não nos dois confrontos [Iraque e Afeganistão], já perdidos”, opina Virgílio Arraes.

OFENSIVA IMPERIALISTA
Para a historiadora Arlene Clemesha, professora de história árabe da Universidade de São Paulo (USP), o anúncio da morte de Bin Laden poderia representar o início do fim de uma era de “guerra contra o terror”. De fato, poderia. “Deixa de existir o motivo para os Estados Unidos manterem sua presença no Afeganistão, no Iraque e no Paquistão; eles poderiam anunciar realmente o fim de uma era difícil para os árabes, para os islâmicos e para o mundo”, salienta Clemesha.
Mas a vitória da “liberdade” e da “democracia” parece que ainda não foi alcançada com a morte de Bin Laden, de acordo com a secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, que fez questão de lembrar que o assassinato do líder da Al Qaeda “não deve frear o combate ao terror”.
Declarações de mesmo tom de Hillary reforçam uma outra tese, a de Marcelo Buzetto. “O assassinato de Osama também pode significar nova ofensiva do imperialismo sobre o norte da África e o Oriente Médio”, afirma. Para ele, Obama quer se aproveitar da brecha de poder aberta a partir das revoltas no mundo árabe para impedir o crescimento da influência de figuras como Bin Laden.
Mas, tal argumento, que destaca o assassinato do saudita como uma forma de barrar sua influência no mundo, não deve ser levado tão em conta, segundo Arlene Clemesha. Ela pondera que a chamada Primavera Árabe, pelo seu caráter democrático, já demonstrou a irrelevância do terrorista no mundo árabe-islâmico.



Por:Eduardo Sales de Lima, no Brasil de Fato.
Em: 11 de Maio de 2011.
Acesso em 13 de Maio, 2011.


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