Olá pessoal...
Gilberto Maringoni (colunista da revista eletrônica “Carta Maior”) selecionou 123 capas da revista “Veja” no período de 1993 e 2010. Mas, por que motivo? Por meio dessa seleção ele conseguiu formar uma narrativa surpreendente, quase uma história em quadrinhos da política brasileira.
Nessa análise, ficou clara a intenção da revista em transpassar um FHC sério, compenetrado e trabalhador – um presidente dos sonhos. E, de outro lado, passar a imagem de Lula como um ex-metalúrgico fracassado e que está mais para brincadeiras do que para a seriedade (Quem desejar uma análise crítica e maiores informações sobre as políticas do governo de FHC, em seus dois mandatos, poderá ler o livro “Brasil em Contra-reforma: desestruturação do estado e perda de direitos de Elaine Rossetti Behring”).
Não desejo, por meio dessa postagem, pregar a imparcialidade. Somos seres pensantes e, portanto, parciais. Porém, precisamos estar atentos as intenções e as más-intenções que são advindas dos meios de comunicação e que, emmuitas vezes, aceitamos de modo passivo.
Precisamos ter em mente que a burguesia para se manter no poder, enquanto classe, precisa reproduzir seus valores, anseios, desejos e interesses, que são antagônicos daqueles que são integrantes das classes exploradas, a fim de naturalizá-los e torná-los universais; mas para isso, há a necessidade de reproduzi-los em larga escala. Utilizando-se de vários meios para reproduzir seus valores, a burguesia também utiliza da mídia. Como Marx já afirmava no século XIX tudo é mercadoria. No capitalismo, a mercadoria é fundamental para a manutenção dos privilégios burgueses. Assim, eles transformam a informação em uma mercadoria, para continuarem reproduzindo sua posição dominante.
Assim, de um lado, os valores da burguesia serão reproduzidos por meio da (des)informação quando se criam formas de possibilitar a sua mercantilização, ou seja, quando se transfere os meios de comunicação em massa para a esfera do consumo. E com este consumo, os indivíduos consomem também os valores burgueses. E de outro, a burguesia aumentando o consumo da (des)informação, aumenta seu lucro, que é obtido na venda dessas mercadorias, naturalmente, isso aumenta seu poder material e, portanto, seus privilégios.
Tendo isso em mente, veja o breve artigo de Maringoni e acesse o link com as comparações das capas da revista “Veja”. Clique “Aqui” e veja essa comparação.
VINTE ANOS NAS CAPAS DA REVISTA “VEJA”
O presidente Lula sofreu impeachment em agosto de 2005. Quase ninguém se lembra dele. Era um trapalhão barrigudo, chefe de quadrilha e ignorante.
A história seria assim, se o mundo virtual da revista Veja fosse real. Selecionamos 123 capas da revista, de 1993 a 2010. Elas formam uma narrativa surpreendente, quase uma história em quadrinhos da história política do período. FHC é o presidente dos sonhos da publicação. Sério, compenetrado e trabalhador, fez uma gestão exemplar. O ex-metalúrgico, por sua vez, é um demagogo que merece apenas um chute no traseiro.
A visão de Veja é a visão da extrema direita brasileira. Tem uma tiragem de um milhão de exemplares e é lida por muita gente. Entre seus apreciadores está, surpreendentemente, o governo brasileiro. Este não se cansa de pagar caríssimas páginas de publicidade para uma publicação que o achincalha com um preconceito de classe raras vezes visto na imprensa.
Freud deve explicar. Clique no link abaixo para ver a sequência. Vale a pena.
Por: Gilberto Maringoni, na ‘Carta Maior.
Em: 20 de Setembro de 2011.
Acesso em 22 de Setembro de 2011
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