Reflexões sobre a música "Ouro de Tolo” de Raul Seixas.

Olá pessoal ...

Como quase todos sabem sou um apaixonado por músicas! Por isso postei mais esse link, de muitos que ainda postarei, com a música “Ouro de Todo” composta por Raul Seixas.

Essa canção possui embutida em sua letra uma grande mensagem de cunho geográfico.

Ela consegue refletir muito bem o que é este sistema econômico capitalista onde existe uma busca incessante/incansável por bens/produtos voltados ao consumo.

O sofrimento “interior” do sujeito/personagem da música é o reflexo de muitos hoje: busco, procuro e me empenho em conseguir mais; porém nunca estou satisfeito! O carro que tenho já não é mais suficiente como era quando o comprei! O meu celular já está ultrapassado (afinal quando vamos comprar um desses, desejamos que ele tenha tudo, ele pode até não ser bom para telefonar (e esse deveria ser o objetivo – mas ele precisa ter câmera, filmadora etc., etc., etc.).

Mal percebemos que, agindo assim, estamos contribuindo para esse jogo consumista essencial para a manutenção do capitalismo. Infelizmente, quando entramos em qualquer ‘pegue-pague’ espalhado por aí, mal refletimos sobre isso! É claro que precisamos consumir; precisamos nos alimentar e nos suprir de diversos outros produtos!

Mas, precisamos sempre refletir: em que grau está o meu consumismo? Raul Seixas nessa música nos ajuda!

Abaixo segue o vídeo com a canção e a letra para quem deseja uma análise mais detalhada!

 

Observema letra ...

OURO DE TOLO

Composição: Raul Seixas

Intérprete: Raul Seixas

Eu devia estar contente
Porque eu tenho um emprego
Sou um dito cidadão respeitável
E ganho quatro mil cruzeiros
Por mês...

Eu devia agradecer ao Senhor
Por ter tido sucesso
Na vida como artista
Eu devia estar feliz
Porque consegui comprar
Um Corcel 73...

Eu devia estar alegre
E satisfeito
Por morar em Ipanema
Depois de ter passado
Fome por dois anos
Aqui na Cidade Maravilhosa...

Ah!
Eu devia estar sorrindo
E orgulhoso
Por ter finalmente vencido na vida
Mas eu acho isso uma grande piada
E um tanto quanto perigosa...

Eu devia estar contente
Por ter conseguido
Tudo o que eu quis
Mas confesso abestalhado
Que eu estou decepcionado...

Porque foi tão fácil conseguir
E agora eu me pergunto "e daí?"

Eu tenho uma porção
De coisas grandes prá conquistar
E eu não posso ficar aí parado...

Eu devia estar feliz pelo Senhor
Ter me concedido o domingo
Prá ir com a família
No Jardim Zoológico
Dar pipoca aos macacos...

Ah!
Mas que sujeito chato sou eu
Que não acha nada engraçado
Macaco, praia, carro
Jornal, tobogã
Eu acho tudo isso um saco...

É você olhar no espelho
Se sentir
Um grandessíssimo idiota
Saber que é humano
Ridículo, limitado
Que só usa dez por cento
De sua cabeça animal...

E você ainda acredita
Que é um doutor
Padre ou policial
Que está contribuindo
Com sua parte
Para o nosso belo
Quadro social...

Eu que não me sento
No trono de um apartamento
Com a boca escancarada
Cheia de dentes
Esperando a morte chegar...

Porque longe das cercas
Embandeiradas
Que separam quintais
No cume calmo
Do meu olho que vê
Assenta a sombra sonora
De um disco voador...

Ah!
Eu que não me sento
No trono de um apartamento
Com a boca escancarada
Cheia de dentes
Esperando a morte chegar...

Porque longe das cercas
Embandeiradas
Que separam quintais
No cume calmo
Do meu olho que vê
Assenta a sombra sonora
De um disco voador...

Boas reflexões!
Abraços!