Olá pessoal...
Estamos acostumados a ouvir falar sobre os expressivos gastos estadunidenses, europeus e asiáticos com a área militar. Mas, a fim de se manterem no mesmo ritmo mundial, os países da América Latina também estão investindo maciçamente em sua ‘defesa’.
No caso brasileiro, não há nenhuma ameaça em sentido militar, portanto podemos concluir que existe outro interesse: se firmar como potencia mundial econômica e conquistar uma cadeira permanente na ONU (Organização das Nações Unidas) e, para isso, é fundamental que se tenha uma estrutura de ‘defesa’ bem articulada, montada e equipada. O governo brasileiro, pensa que, assim, poderá ter mais destaque nas políticas internacionais. Será?
Observem abaixo outros fatores que influenciam no aumento dos gastos militares na América Latina...
DISPARA O GASTO MILITAR NA AMÉRICA LATINA
A América Latina registrou em 2010 o maior aumento de gasto militar, deixando para trás nessa área Oriente Médio e Europa, segundo estudo divulgado na quarta-feira (13) pelo Instituto Internacional de Estocolmo de Pesquisa para a Paz (Sipri).
O aumento em termos reais foi de 5,8% para a América Latina, contra 5,2% para África, 2,8% para América do Norte, 2,5% para Oriente Médio e 1,4% para Ásia. Na Europa, única região a registrar queda, o gasto militar baixou 2,8% em termos reais no ano passado, em comparação com 2009.
Os mais gastadores da América Latina são Brasil, Chile, Colômbia e Peru. “No Brasil e no Chile, o aumento do gasto militar está associado principalmente às aspirações de uma presença regional e internacional mais forte, mas sem ser, necessariamente, o reflexo de um poderio militar em competição”, disse à IPS a pesquisadora Carina Solmirano, especialista em América Latina do projeto de Gasto Militar do Sipri.
De todo modo, no ano passado a América Latina gastou apenas US$ 63,3 bilhões em questões militares, contra US$ 721 bilhões da América do Norte, US$ 382 bilhões da Europa, US$ 317 bilhões da Ásia, US$ 111 bilhões do Oriente Médio e US$ 30 bilhões da África, de acordo com o Sipri.
O estudo também explica que parte do aumento referente à América Latina se deve ao forte crescimento econômico que a região experimentou nos últimos anos, enquanto em outras regiões os efeitos da recessão econômica mundial fizeram com que o gasto militar caísse em 2010.
A América Latina não enfrenta nenhuma ameaça militar importante e os motivos desse aumento têm de ser procurados em outra parte, disse Carina. Como exemplo, disse que o Brasil busca ativamente um papel de mais destaque na política internacional e uma cadeira permanente no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas. Também é uma potência econômica regional e, em alguns sentidos, o líder da região, acrescentou à especialista.
No Chile, as Forças Armadas se beneficiam do aumento dos ganhos derivados da exportação de cobre, o que explica porque o país pôde adquirir equipamento tão sofisticado nos últimos anos. “Como dizemos no informe, se for eliminada a lei do cobre, é muito provável que comecemos a presenciar uma queda nas importações de armas”, disse Carina.
Segundo a Lei Secreta do Cobre, que agora foi abolida, cerca de 10% dos ganhos com esse metal eram destinados especificamente para a compra de armas. Atualmente, essa lei foi substituída por um novo sistema para financiar a compra de armas, que, provavelmente, seja administrado pelo Ministério das Finanças. Ao contrário do Brasil, o Chile não necessariamente aspira ser uma grande potência mundial, mas, sem dúvida, busca desempenhar um papel regional importante, tanto no campo diplomático quanto no econômico, disse a especialista do Sipri.
Nos casos de Colômbia e Peru, as ameaças à segurança interna levaram os respectivos governos a aumentar o gasto com defesa. O crescimento no gasto militar não tem só a ver com a compra de armas, mas também com a manutenção das Forças Armadas.
Uma característica peculiar do gasto militar na América Latina é que tende a estar dominado pelos fundos destinado ao pessoal, que habitualmente representam entre 50% e 70% do orçamento, afirma o estudo. A Argentina, por exemplo, aumentou em 6,6% seus investimentos militares em 2010, em boa parte devido a aumentos salariais, já que a compra de armas foi muito baixa, afirmou Carina.
De fato, a máquina militar argentina é tão antiquada que alguns especialistas sugerem que é preciso comprar mais armas antes que todos os equipamentos se tornem obsoletos. O Ministério da Defesa da Argentina informou em 2010 que nos próximos anos serão destinados mais fundos para modernizar as Forças Armadas.
Quanto à Venezuela, este país reduziu pelo segundo ano consecutivo seu gasto militar em termos reais, e essa queda está associada à contração econômica do país, segundo Carina. Embora quase todas as economias da América do Sul tenham crescido em 2010, a venezuelana se contraiu. Mas, acrescentou, é muito cedo para dizer que a redução do gasto militar venezuelano continuará no futuro.
À luz da tendência de alta do gasto militar na América Latina, em 2010 houve novos apelos para que haja melhoria na transparência. A Organização de Estados Americanos e a União de Nações Sul-Americanas (Unasul) se comprometeram a fortalecer os mecanismos existentes em matéria de transparência, como a Convenção Interamericana sobre Aquisições de Armas Convencionais, e para que os Estados-membros informem regularmente seus gastos militares e suas compras de armamento junto ao anual Registro de Armas da ONU.
O estudo do Sipri também diz que alguns países vizinhos na América do Sul assinaram acordos bilaterais para harmonizar a informação sobre seus gastos militares (por exemplo, Equador e Peru, Peru e Chile), como forma de criar confiança e potencializar a transparência. No geral, a maior parte do gasto militar se destina a despesas recorrentes, ou seja, salários e benefícios pagos ao pessoal, e a custos operacionais, disse à IPS o pesquisador Samuel Perlo-Freeman, chefe do Projeto de Gasto Militar no Sipri.
Por: Talif Deen, no Brasil de Fato.
Em: 14 de Abril de 2011.
Disponível em: < http://www.brasildefato.com.br/node/6095>.
Acesso em 15 de Abril, 2011.
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