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Se não fosse o capitalismo não teríamos tanto desenvolvimento tecnológico. Será?


Olá pessoal...

Quem nunca ouviu algum (des)informado dizer: “se não fosse o capitalismo, não teríamos o desenvolvimento tecnológico que temos!”. Parece absurdo, mas eu já escutei isso de um professor universitário! Inclusive ele disse que deveríamos agradecer a esse modelo econômico/político/social capitalista, pois era ele o provedor das vacinas de gripe suína e que não às teríamos se antiga URSS tivesse vencido e o mundo fosse majoritariamente socialista. Eu sei que é hilário! Mas, também sei que, pensar assim, infelizmente, é muito comum. As pessoas associam os carros 0 km com os EUA e com o capitalismo e os carros velhos com Cuba e com o socialismo.
Todos esses exemplos citados acima são reflexos dos constantes bombardeios midiáticos que sofremos. Neles reforça-se o mito de que o capitalismo impulsiona inovações, tecnologia e avanços científicos. Porém, a verdade é exatamente oposta. O capitalismo refreia todos os aspectos do desenvolvimento humano, inclusive a ciência e a tecnologia.
O artigo abaixo nos traz algumas reflexões e evidências sobre a desmistificação deste assunto. Não deixem de ler e de comentar ao final. Se desejarem ler o artigo completo, basta acessarem o endereço indicado no final.


CAPITALISMO x CIÊNCIA

Dizem-nos que a concorrência, combinada à motivação do lucro, impulsiona as grandes corporações, incentiva a criação de medicamentos e novos tratamentos médicos. O livre-mercado, afirmam-nos, é o maior motivador dos avanços humanos. Mas realmente o contrário é o que acontece. As patentes, a propriedade privada dos meios de produção, o lucro são efetivamente os grandes obstáculos que a ciência tem conhecido no decorrer da história recente. O capitalismo detém todos os aspectos do desenvolvimento humano; a ciência e a tecnologia não constituem exceções.
O mais novo e gritante exemplo de que a propriedade privada dos meios de produção serve de barreira para o avanço pode ser encontrado no fóssil "Ida". Darwinius masillae é um lêmure de 47 milhões de anos de idade recentemente “descoberto”. Todo e qualquer indivíduo interessado na evolução alegrou-se com o desvendamento de uma espécie transicional, ligando primatas superiores e mamíferos inferiores entre si. Ida tem olhos frontais (forwaring-facing), membros curtos e polegares iguais oponíveis. O que é até mesmo mais notável é a assombrosa condição em que foi preservado. Este fóssil tem 92% de sua integridade preservada. O contorno de seu pelo está claramente visível e os cientistas puderam até examinar o conteúdo de seu estômago, determinando que sua última refeição compunha-se de frutas, sementes e folhas. Entusiastas dirigem-se aos montes ao Museu de Historia Natural de Nova Iorque para uma visita rápida ao fóssil referencial.
Então o que tem Ida a ver com o capitalismo? Bem, ele foi efetivamente descoberto em 1983 e mantido na posse de um colecionador particular desde então. O colecionador não entendeu a importância do fóssil, e o fato não surpreende, pois ele não é paleontólogo e desta forma o fóssil cobriu-se de poeira durante 25 anos.
Existe um amplo mercado internacional para fósseis. O capitalismo transformou estes tesouros, que por direito pertencem a toda a humanidade, em mera mercadoria. Fósseis mantidos na posse de particulares são regularmente emprestados a museus para que possam ser estudados ou expostos. Coleções particulares de fósseis dão a volta ao mundo, gerando dinheiro para seus donos, em vez de passarem por estudos sérios. E incontáveis espécimes raros jazem nos depósitos de empresas de investimento, ou nas salas de estar de colecionadores servindo tão-somente de assunto para conversa. É impossível saber quantos fósseis importantes permanecem em gabinetes de milionários à espera que alguém os descubra.

Ciência, tecnologia e planejamento econômico
A prova final do estorvo do capitalismo para com a ciência e a tecnologia provém não do capitalismo, mas de sua alternativa. Porquanto a União Soviética sob o domínio de Stalin estivesse longe de uma sociedade socialista ideal, (algo que explicamos extensamente em outros artigos), sua história oferece-nos valiosa compreensão do potencial de uma indústria nacional planificada. Em 1917 os bolcheviques assumiram o controle de um país semi-feudal e atrasado, arruinado no decorrer da Grande Guerra (1914-1918). No curso de décadas, transformou-se numa superpotência com liderança mundial. A URSS avançou a ponto de ser a primeira a pôr um satélite em órbita terrestre, a primeira a mandar um homem ao espaço, e também foi pioneira na construção de uma estação espacial permanentemente habitada. Os cientistas soviéticos estenderam as fronteiras do saber, particularmente nas áreas da Matemática, da Astronomia, da Física Nuclear, da Exploração Espacial e da Química. Muitos cientistas soviéticos receberam o Prêmio Nobel em vários campos do conhecimento humano. Esses êxitos são particularmente estonteantes quando se considera a situação em que o país se encontrava quando derruiu o capitalismo.
Como tais avanços se tornaram possíveis? De que maneira conseguiu a União Soviética com 90% de sua população analfabeta, formar mais cientistas, doutores e engenheiros per capita do que qualquer outro país do mundo em apenas poucas décadas? A superioridade de uma economia nacionalizada e planificada constitui um freio às loucuras do capitalismo. É a única explicação.
O primeiro passo nesse processo foi simplesmente o reconhecimento de que a ciência era prioritária. Sob o capitalismo, a capacidade de as empresas privadas desenvolverem a ciência e a tecnologia é limitada pela visão restrita do que é lucrativo. As empresas não planejam avanços tecnológicos, elas buscam lançar produtos vendáveis e farão somente o que for necessário para levar sua produção ao mercado. Os soviéticos imediatamente reconheceram a importância do desenvolvimento geral da ciência e da tecnologia e ligaram esses alvos ao desenvolvimento do país como um todo. Essa visão ampla permitiu-lhes alocar recursos substanciais para todas as áreas do saber.
Outro componente vital de seus sucessos foi a vasta expansão educacional. Ao abolir o ensino privado e prover a educação gratuita em todos os níveis, os indivíduos no seio da população capacitavam-se a desenvolver seu potencial. O cidadão podia continuar seus estudos segundo sua capacidade. Ao contrário, mesmo muitos países capitalistas avançados têm sido incapazes de eliminar o analfabetismo, e muito menos instituir a educação universitária para todos capacitados para dela usufruir. Sob condições capitalistas, os estudantes têm que enfrentar pesados obstáculos financeiros, evitando-se desta forma que vastas camadas populares realizem seus potenciais. Quando metade da população mundial é forçada a viver com menos de dois dólares por dia, forçosamente temos de concluir que enormes reservas de talento humano se desperdiçam.
O governo soviético imediatamente derrubou todas as barreiras diante da ciência que estrangulam as inovações dentro do sistema capitalista. Patentes, segredos industriais e a indústria privada foram eliminados. Essas medidas permitiram a mais estreita colaboração no campo das pesquisas e a fluência de informações entre instituições. Preconceitos religiosos que por longo tempo restringiam o estudo foram postos de lado. Basta ver-se a condenação das pesquisas sobre as células-tronco durante o regime Bush a fim de entender os efeitos negativos que o fanatismo religioso pode causar à Ciência.
Mas nem tudo era bom sob o stalinismo. Da mesma maneira como a burocracia dificultava o desenvolvimento econômico, ela também estorvava áreas de estudo. Enquanto as muitas barreiras do capitalismo eram desfeitas, em alguns casos novos empecilhos erigiam-se na medida em que as diretivas do estudo das ciências eram sujeitadas às necessidades e desejos da burocracia. Em casos extremos, certos campos do estudo eram deslegitimados inteiramente e cientistas eminentes condenados e levados a campos de trabalhos forçados na Sibéria. Um dos casos mais ultrajantes foi o desdém de Stalin pela genética cromossômica. O estudo da genética foi banido e diversos proeminentes geneticistas, inclusive Agol, Levit e Nadson (1), executados. Nikolai Vavilov (2), um dos maiores geneticistas da União Soviética, foi mandado para um campo de trabalhos forçados, onde morreu em 1943. Essas interdições só foram abolidas em meados dos anos 60 (tais crimes não devem ser atribuídos ao Socialismo, mas ao stalinismo. Numa economia democraticamente planificada, não se justificariam tamanhas atrocidades).
Hoje, é uma tarefa dos interessados pela ciência e pelo socialismo apreender as lições da história. A ciência está sendo contida por interesses privados e pela indústria. A falta de recursos para a educação e para as pesquisas fecham as portas a jovens de mentes ousadas e ambiciosas. A interferência religiosa encerra a ciência numa prisão e declara importantes ramos da ciência indevassáveis. As cadeias do livre mercado impedem pesquisas significativas. Empresas privadas evitam que novas tecnologias emirjam de suas dependências. Donos de empresas privadas seguram espécimes únicos para seu próprio deleite pessoal. Curas em potencial para doenças letais são ignoradas para que se empreenda a busca de novas e mais recentes drogas no tratamento de disfunções eréteis. É uma loucura! O capitalismo não estimula inovações. Pelo contrário, bloqueia-as a cada passo.
A humanidade em nossos dias está sendo contida por um sistema com o objetivo de escravizar a maioria em benefício de uma minoria. Todo e qualquer aspecto do desenvolvimento humano é prejudicado pelo erroneamente denominado "livre mercado".
Com o desenvolvimento da informática, da internet e de novas tecnologias, a humanidade encontra-se no limiar de um futuro brilhante, de avanços científicos e de prosperidade. Estamos aprendendo mais e mais sobre todos os aspectos de nossa existência. O que outrora era impossível, agora se torna tangível. O que antes era mistério agora está ao alcance de nossas mentes. O que antes era velado, agora se desvela diante de nossos olhos. Os avanços um dia colocarão até os mais longínquos extremos do universo ao alcance de nossos dedos. A única coisa que atrapalha nossa caminhada é o capitalismo.

(1)   Georgii Nadson (1867-1939). Biólogo soviético, um dos pioneiros da radioecologia em sua pátria. Fundou o Laboratório de Microbiologia da Academia Russa de Ciências. Falsamente acusado de sabotagem e terrorismo, foi executado. Na verdade, o motivo determinante das acusações que lhe foram assacadas era sua oposição às charlatanices do geneticista Trofin I. Lissenko (1908-1976).
(2)   Nikolai I. Vavilov (1887-1943). Autor de vasta obra científica. Desfrutou de grande e merecido prestígio na URSS e no exterior. Detido e condenado a trabalhos forçados por não concordar com as intrujices de Lissenko, faleceu numa prisão de Saratov, vítima de distrofia.


Por: Odon Porto de Almeida, na Esquerda Marxista.
Em: 12 de Agosto de 2009.
Acesso em 03 de Junho, 2011.


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Boas reflexões!
Abraços!

3 comentários:

  1. Ola ! *.* Se o socialismo tivesse vencido o capitalismo, e Cuba fosse uma potencia mundial, ainda os EUA(capitalistas) estivessem a mingua. Como estaria o mundo ?

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    1. Olá Amanda!! O que você mencionou é muito interessante!! Pensar em outra possibilidade ou de outro ângulo nos faz pensar em como poderia ser um outro mundo! Hoje Cuba apresenta um sistema de saúde, educação e segurança que são referência ao mundo (mesmo sofrendo fortes embargos econômicos), enquanto nos EUA esses serviços são privatizados e não possuem qualidade! É claro que Cuba passa por problemas! O próprio regime político constitui-se um desafio. Mas não podemos nos esquecer que, no capitalismo, as imposições ditatoriais também estão presentes. Como gosto de afirmar, o capitalismo é uma grande jaula, porém invisível. Que liberdade e democracia são essas que alimentos estragam e um bilhão de pessoas passa fome? Que liberdade é essa que só podemos 'ir e vir' se tivermos como pagar? Na verdade, entendo que os dois sistemas possuem pontos positivos e negativos. Mas cabe salientar que o regime socialista é menos cruel, pois não intensifica a luta do homem contra o próprio homem - como o capitalismo faz! Com essas colocações não desejo extinguir o debate, apenas fomentá-lo.
      Mas gostaria de saber a sua opinião. Como você acha que seria o mundo nas condições que você colocou?

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  2. O socialismo nunca funcionou e o capitalismo jamais irá funcionar por culpa unica e exclusiva de um ser chamado "homem".

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