Você acha que os grandes eventos esportivos em nosso país (Copa do Mundo e Olimpíadas) trarão benefícios aos brasileiros?

Reflexões sobre o documentário “O Mundo Segundo a Monsanto”...

Olá pessoal ...


Neste sábado (25/05/2013), mais de 50 países aderiram à “Marcha contra Monsanto” em protesto contra a manipulação genética e a monopólio da multinacional na agricultura e biotecnologia. A campanha contra a empresa teve como estopim o suicídio de agricultores indianos, que se endividam e tornaram-se reféns das sementes geneticamente modificas. Na Hungria, toda a plantação da Monsanto foi destruída. Esses acontecimentos foram amplamente divulgados nas mídias locais. No Brasil, os militantes ligados ao protesto foram processados pela Monsanto no Paraná (PR). A empresa entrou com a acusação de esbulho possessório, dano e furto após um protesto realizado em maio de 2003 em uma de suas fazendas, utilizada para experimentos transgênicos, em Ponta Grossa (PR). De acordo com o coordenador da ONG Terra de Direitos e um dos cinco processados, Darci Frigo, todos os desembargadores disseram não haver provas para a condenação. O objetivo dessa acusação é bem claro: retardar as movimentações e tornar o movimento frágil ilegítimo. Porém, todos foram absolvidos por unanimidade pelo Tribunal de Justiça do Estado (TJ-PR) na última quinta-feira (23/05/2013), como mostra a reportagem "Monsanto fracassa em tentativa de criminalização da luta social" publicada no site "Carta Maior".
Mas, o que é a Monsanto? Sediada em Missouri (EUA), a Monsanto está em mais de 80 países, com domínio de aproximadamente 80% do mercado mundial de sementes transgênicas e de agrotóxicos. O Brasil é o segundo maior consumidor dos produtos da Companhia, ficando atrás apenas da matriz americana. O lucro da filial brasileira em 2012 chegou a R$ 3,4 bilhões. Em diferentes continentes, a empresa acumula acusações por violações de direitos, por omissão de informações sobre o processo de produção de venenos, biopirataria, cobrança indevida de royalties, e imposição de um modelo de agricultura baseada na monocultura, na degradação ambiental e na utilização de agrotóxicos.
Assim, o tema está em destaque neste mês e, por isso, acredito ser relevante compreendermos bem a origem desse debate. Para isso, o documentário “O Mundo Segundo a Monsanto” da diretora Marie-Monique.

  
O MUNDO SEGUNDO A MONSANTO

Título original: Le monde selon Monsanto.
Lançamento: 2008 (FRA).
Direção: Marie-Monique Robin.
Duração: 108 min.
Áudio: Português.
Formato: Youtube.
Gênero: Documentário.
Sinopse: Resultados de um trabalho de três anos de investigação da jornalista francesa Marie-Monique Robin, o livro Le Monde Selon Monsanto (O Mundo Segundo a Monsanto) e o documentário homônimo são um libelo contra os produtos e o lobby da multinacional. O trabalho cataloga ações da Monsanto para divulgar estudos científicos duvidosos de apoio às suas pesquisas e produtos, a exemplo do que fez por muitos anos a indústria do tabaco, relaciona a expansão dos grãos da empresa com suicídios de agricultores na Índia, rememora casos de contaminação pelo produto químico PCB e detalha as relações políticas da companhia que permitiram a liberação do plantio de transgênicos nos Estados Unidos. Também, esse documentário mostra como a Monsanto, a enorme corporação norte-americana, está patenteando sementes transgênicas e introduzindo-as em países emergentes como o Brasil.

DOCUMENTÁRIO*:




* O documentário foi disponibilizado por completo, neste blog, respeitando a lei que estabelece os direitos autorais para este arquivo (Creative Commons). Vale ressaltar que ele foi colocado para a livre divulgação pelo site “Youtube”.

Boas reflexões!

Abraços.

Reflexões sobre o documentário “Catastroika: a privatização da democracia”...

Olá pessoal ...

Manifestantes transportam as bandeiras dos países
europeus com dificuldades econômicas/sociais em 
sinal de solidariedade. Por toda a Europa, o dia
 14 de novembro foi palco de protestos contra a 
austeridade. 
Crédito: Reuters/Yannis Behrakis.

Ligue a televisão e assista brevemente um jornal: com certeza verá uma notícia sobre a crise européia e, provavelmente, sobre a mais nova panela de pressão mundial (em sentido econômico) – a Grécia. O assunto tomou grandes proporções quando a Alemanha e França também começaram a sofrer as conseqüências dessa crise de reestruturação do capital. A repercussão foi tanta que a presidenta do Brasil (como ela gosta de ser chamada) viajou até a Europa e fez um discurso acalorado de apoio a este países, afirmando o compromisso de articular uma ajuda mundial para tais. Só uma pergunta me vem à mente nesse momento: fariam o mesmo por nós?
Mas, sem dúvida, os jornais não mostram a totalidade do problema – especificando sua origem, justificativa e possível desfecho real da situação. Por isso estou postando este documentário: “Catastroika: a privatização da democracia”. Este foi lançado em 2012 e faz um relato avassalador sobre o impacto da privatização massiva de bens públicos e sobre toda a ideologia neoliberal que está por detrás dela. O documentário denuncia exemplos concretos na Rússia, Chile, Inglaterra, França, Estados Unidos e, obviamente, na Grécia, em sectores como os transportes, a água ou a energia. Este vídeo foi produzido através de contribuições do público e conta com o testemunho de nomes como Slavoj Žižek, Naomi Klein, Luis Sepúlveda, Ken Loach, Dean Baker e Aditya Chakrabortyy.
O documentário em questão nos ajuda a entender a ideologia que está por de trás de governos deste tipo que estrangulam ou estrangularam serviços públicos fundamentais, elegendo os funcionários públicos como bodes expiatórios, para apresentarem, em seguida, a privatização como solução óbvia e inevitável. Sacrifica-se a qualidade, a segurança e a sustentabilidade, provocando, invariavelmente, uma deterioração generalizada da qualidade de vida dos cidadãos. Conseguem ver alguma semelhança com o Brasil? O documentário também pode nos ajudar a entender melhor as mudanças políticas e ideológicas que direcionam os governos brasileiros desde a década de 1990.
“Catastroika: a privatização da democracia” evidencia, por exemplo, que o endividamento consiste numa estratégia para suspender a democracia e implementar medidas que nunca nenhum regime democrático ousou sequer propor antes de serem testadas nas ditaduras do Chile e da Turquia. O objetivo é a transferência para mãos privadas da riqueza gerada, ao longo dos tempos, pelos cidadãos. Nada disto seria possível, num país democrático, sem a implementação de medidas de austeridade que deixem a economia refém dos mecanismos da especulação e da chantagem — o que implica, como estamos vendo na Grécia, o total aniquilamento das estruturas basilares da sociedade, nomeadamente as que garantem a sustentabilidade e a coesão social.
Assim, o que há de mais inovador neste documentário, não é apenas a sua análise concreta do real, mas o seu rompimento com o discurso hegemônico onipresente das mídias convencionais, tornando bem claro que o desafio que temos pela frente é optar entre a luta ou a barbárie, como diria István Mészáros.
Portanto, acredito que este documentário pode ser uma ótima dica para o final de semana ou para um trabalho interdisciplinar com nossos alunos...
  

CATASTROIKA: A PRIVATIZAÇÃO DA DEMOCRACIA


Título original: Catastroika: privatization goes public.
Lançamento: 2012 (GRE).
Direção: Aris Chatzistefanou/Katerina Kitidi.
Duração: 87 min.
Legenda: Português, Inglês, Francês e Alemão.
Formato: AVI.
Tamanho: 1,56 Gb.
Gênero: Documentário.
Sinopse: Um relato sobre o impacto da privatização massiva de bens públicos e sobre a ideologia neoliberal. As conseqüências mais devastadoras registram-se nos países obrigados, por credores e instituições internacionais, a proceder privatizações massivas, como contrapartida dos planos de resgate. “Catastroika: a privatização da democracia” evidencia, por exemplo, que o endividamento consiste numa estratégia para suspender a democracia e implementar medidas que nunca nenhum regime democrático ousou sequer propor antes de serem testadas nas ditaduras do Chile e da Turquia. O objetivo é a transferência para mãos privadas da riqueza gerada, ao longo dos tempos, pelos cidadãos. Nada disto seria possível, num país democrático, sem a implementação de medidas de austeridade que deixem a economia refém dos mecanismos da especulação e da chantagem — o que implica, como estamos vendo Grécia, o total aniquilamento das estruturas basilares da sociedade, nomeadamente as que garantem a sustentabilidade e a coesão social.

DOCUMENTÁRIO:




DOCUMENTÁRIO (PARTE 01)*: Download Aqui
DOCUMENTÁRIO (PARTE 02)*: Download Aqui
DOCUMENTÁRIO (PARTE 03)*: Download Aqui
DOCUMENTÁRIO (PARTE 04)*: Download Aqui
DOCUMENTÁRIO (PARTE 05)*: Download Aqui
* O documentário foi disponibilizado por completo, neste blog, respeitando a lei que estabelece os direitos autorais para este arquivo (Creative Commons). Vale ressaltar que ele foi colocado para a livre divulgação pelo próprio autor/produtor.

Boas reflexões!
Abraços

Aulas sobre o livro “O Capital” de Karl Marx, por David Harvey...

Olá pessoal...


David Harvey
A presente postagem é, sem dúvida, um grande auxílio a todos os estudiosos da atual sociedade capitalista. É inquestionável a contribuição teórica/prática de Marx no entendimento das condições estruturais e conjunturais deste sistema. Muitos criticam suas teorias, mas poucos realmente leram e compreenderam este autor. Analisá-lo, tomando como base apenas a sociedade atual, é um grande erro – seria o mesmo que encará-lo como um profeta e que este deveria descrever com exatidão todas as mudanças ocorridas no último século (e não foram poucas!).
Portanto, para que realmente compreendamos as questões ligadas ao estágio atual de nossa sociedade e as mudanças ocasionadas pela reestruturação produtiva é preciso ir além de uma análise fenomênica dos fatos. É de suma importância rompermos com a análise do mundo por meio da ‘pseudoconcreticidade’.  O que vimos à primeira vista é o fenômeno, o mundo das representações comuns, da práxis fetichizada, que passa a impressão de que tudo é natural e independente. Mas, para compreendermos o mundo da realidade concreta é preciso ir além, destruir essa aparente independência dos fenômenos. O pensamento dialético não nega a existência ou objetividade dos fenômenos, mas destrói sua pretensa independência e naturalidade, para mostrá-los como fenômenos derivados e mediatos, como produtos da práxis social da humanidade. Penso eu que, ter consciência disso, é o maior legado de Marx.
A fim de auxiliar em uma análise detalhada da obra “O Capital”, lançada originalmente em 1867, o geógrafo e professor da pós graduação em antropologia da Universidade de Nova York, David Harvey, promoveu em seu site um curso online sobre o volume I do livro. São 13 aulas-vídeos, com acesso gratuito no próprio site do autor. No entanto, apenas as 5 primeiras estão com legendadas em português e em outras línguas. Comprometo-me de ir postando as demais aulas na medida em que forem adicionando as legendas nos demais vídeos. Também irei disponibilizar para download cada aula postada.


1° AULA: “O CAPITAL”, VOLUME I – INTRODUÇÃO* -  Download Aqui



2° AULA: “O CAPITAL”, VOLUME I - CAPÍTULOS I E II* -  Download Aqui



3° AULA: “O CAPITAL”, VOLUME I - CAPÍTULOS III* -  Download Aqui



4° AULA: “O CAPITAL”, VOLUME I - CAPÍTULOS IV A VI* -  Download Aqui



5° AULA: “O CAPITAL”, VOLUME I - CAPÍTULOS VII E IX* -  Download Aqui



* Os vídeos/aulas foram disponibilizados, neste blog, respeitando a lei que estabelece os direitos autorais para este arquivo (Software Livre). Vale ressaltar que ele foi colocado para a livre divulgação pelo próprio autor em seu site oficial (davidharvey.org).

Não deixem de comentar...
Boas reflexões!
Abraços!



Reflexões sobre o documentário “O veneno está na mesa”...

Olá pessoal ...


O blog possui várias postagens que discutem as questões agrárias em nosso país e no mundo. Mas, esse documentário talvez seja um dos mais importantes e atuais relacionados a este tema. Com uma visão crítica e realista, Silvio Tendler faz uma expressiva análise sobre a situação de nosso campo que se desdobra sobre a cidade – no caso, a nossa alimentação. Inclusive, estas discussões nos ajudam a entender e a desmistificar a ideia de que o campo e a cidade possuem uma relação distante – o que nos leva a dar pouca importância aos temas agrários.
Este documentário pode ser uma ótima dica para o final de semana ou para um trabalho interdisciplinar com nossos alunos...


O VENENO ESTÁ NA MESA


Título original: O veneno está na mesa.
Lançamento: 2011 (BRA).
Direção: Silvio Tendler.
Participações: Eduardo Galeano dente outras.
Duração: 50 min.
Áudio: Português.
Legenda: Não possui.
Formato: AVI.
Tamanho: 980 Mb.
Gênero: Documentário.
Sinopse: O Brasil é o país do mundo que mais consome agrotóxicos: 5,2 litros/ano por habitante. Muitos desses herbicidas, fungicidas e pesticidas que consumimos estão proibidos em quase todo mundo pelo risco que representam à saúde pública. O perigo é tanto para os trabalhadores, que manipulam os venenos, quanto para os cidadãos, que consumem os produtos agrícolas. Só quem lucra são as transnacionais que fabricam os agrotóxicos. A idéia do filme é mostrar à população como estamos nos alimentando mal e perigosamente, por conta de um modelo agrário perverso, baseado no agronegócio.

TRAILER:



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* O documentário foi disponibilizado por completo, neste blog, respeitando a lei que estabelece os direitos autorais para este arquivo (Software Livre) Vale ressaltar que ele foi colocado para a livre divulgação pelo próprio autor/produtor.

Boas reflexões!
Abraços.

Carlos Nelson Coutinho: “Precisamos colocar em discussão as grandes questões políticas...”

Olá pessoal...

Carlos Nelson Coutinho
A presente postagem é uma singela homenagem a um dos maiores intelectuais orgânicos que tivemos – Carlos Nelson Coutinho. Sua contribuição para o cenário acadêmico e social brasileiro é incomparável!
Escreveu mais de uma dezena de livros, a começar por “Literatura e humanismo”, lançado no final dos anos 1960 pela Editora Civilização Brasileira, de Ênio Silveira. Em “Literatura e humanismo”, já estão presentes algumas qualidades que o distinguiriam nos anos seguintes, como a clareza de pensamento, a escrita elegante e a percepção refinada de autores fundamentais, como atesta o ensaio sobre Graciliano Ramos. Também neste livro inaugural está presente a influência decisiva do filósofo húngaro Georg Lukács, cujas ideias sobre o realismo norteavam as pesquisas do então jovem crítico brasileiro.
Ao voltar do exílio em Bolonha (1970) produziu o ensaio “A democracia como valor universal”, fortemente inovador na cultura comunista, exatamente por ter como assumida fonte de inspiração o pensamento político amadurecido em torno do antigo PCI, muito especialmente Enrico Berlinguer e Pietro Ingrao. Difícil subestimar o papel deste ensaio, sobre o qual, posteriormente, o próprio autor se voltaria em diferentes ocasiões, ratificando-o e retificando-o em variados pontos: esta é, precisamente, a função de um ensaio seminal.
A partir deste momento, incorpora-se vigorosamente à reflexão de Carlos Nelson a presença de Antonio Gramsci: pode-se dizer que, a partir de uma original articulação de Lukács e Gramsci — isto é, dos problemas da ontologia do ser social e da política tal como experimentada nos países “ocidentais” —, tenha se estruturado a produção posterior de Carlos Nelson Coutinho, até o livro mais recente, “De Rousseau a Gramsci: ensaios de teoria política”, publicado em 2011.
Nos últimos meses, mesmo abalado pela doença, Carlos Nelson dedicava-se a uma história da filosofia, testemunho da enorme erudição e inquietação intelectual que o acompanhou por toda a vida. Nos anos 1980, com a crise do PCB e o afastamento de grande parte dos “eurocomunistas” brasileiros, Carlos Nelson passaria pelo PSB (expressão do seu interesse pelo socialismo democrático, uma vez que o PSB de Carlos Nelson era aquele histórico, do pós-1945, marcado por figuras como Hermes Lima e João Mangabeira), pelo PT e, a partir de 2003, pelo PSOL. Estas opções políticas, naturalmente, deixaram marca na produção teórica do nosso autor, que está destinada a ser tema de estudos e reflexões por parte de todos aqueles que se preocupam com o destino do humanismo, da democracia e do socialismo no nosso tempo.
A entrevista abaixo publicada originalmente pela “Revista Sem Terra” é uma ótima dica para quem deseja conhecer um pouco mais sobre o autor e criar uma visão crítica sobre suas discussões...


PRECISAMOS COLOCAR EM DISCUSSÃO AS GRANDES QUESTÕES POLÍTICAS"

 O debate político tomou conta de parte da população e dos meios de comunicação no país. São generalizadas as discussões sobre a vida parlamentar, os casos corrupção e cassações, as comissões parlamentares de inquéritos, a compra de deputados, a reforma política e as formas de financiamento de campanha dos partidos políticos.
O pensamento do ativista político comunista e filósofo italiano Antonio Gramsci, autor de “Cadernos do Cárcere”, contribui para a compreensão do quadro brasileiro. Para Gramsci, a política tem uma dupla dimensão: a da “pequena política”, voltada para a administração das instituições existentes, e a da “grande política”, correspondente à transformação ou conservação das estruturas orgânicas econômicas e sociais.
“Há um avanço muita claro da ‘pequena política’ sobre a ‘grande política’. Esse é um dos elementos fundamentais da hegemonia neoliberal”, explica Carlos Nelson Coutinho, professor de Teoria Política da Universidade Federal do Rio de Janeiro e autor de "Gramsci: Um Estudo sobre seu Pensamento Político”.
Um dos maiores especialistas em Gramsci no Brasil, o professor acredita que a esquerda precisa ampliar o foco do debate para levar à sociedade as grandes questões políticas. Para avançar nesse sentido, os movimentos sociais não podem conciliar com a política menor e devem colocar suas exigências na ampla agenda política.
De acordo com Coutinho, depois da cooptação do PT, a disputa eleitoral tende ao revezamento de dois grupos partidários com projetos parecidos, sem perspectiva para mudanças estruturais. “Cria-se dois blocos de partidos, um centrado no PT e outro no PSDB, que provavelmente vão se alternar no governo, mas sem maiores modificações. Tanto faz um como o outro: a economia está blindada”, afirma.
Outra categoria gramsciniana apresentada nesta entrevista surge da diferenciação das sociedades de tipo “Ocidental” e “Oriental”. Termos originalmente geográficos, ganharam um caráter histórico-político com a conceituação formulada pelo filósofo italiano. Na sociedade “Oriental”, o Estado-coerção prevalece diante de uma sociedade civil primitiva e gelatinosa. Já na “Ocidental”, há uma relação equilibrada entre Estado e sociedade civil, espaço de disputa da hegemonia ideológica.
A sociedade civil brasileira teve um papel importante na vida política do país, tanto que foi duramente reprimida pela ditadura militar. Mesmo assim, conseguiu resistir. Coutinho considera o Brasil como um país de tipo “Ocidental”, mas aponta uma tendência de “ongzação”. Cria-se uma suposta lógica independente de Estado e mercado e, com isso, a luta dos diversos grupos deixa de lado as necessidades de toda a população, limitando-se a pontos corporativos. “A sociedade civil é terreno da luta de classes e de conflito profundo. Há uma tentativa de ‘americanização’. Querem transformar até mesmo o movimento operário em um instrumento puramente reivindicativo”, denuncia.
Leia a seguir a entrevista com Carlos Nelson Coutinho.

Igor Felippe Santos: A essência da atividade política está em crise no Brasil?
Carlos Nelson Coutinho: Não só no Brasil, mas no mundo, tenho observado um avanço muita claro da “pequena política” sobre a “grande política”. Esse é um dos elementos fundamentais da hegemonia neoliberal. Com isso, modificações de governos não alteram as relações de poder. Um exemplo claro no Brasil de hoje é a chamada “blindagem da economia”. A grande preocupação do governo e da oposição é proteger a economia, ou seja, proteger o aspecto ligado a estrutura e organização. A crise que acontece no Brasil é muito mais da “pequena política” do que da política em sentido mais amplo. A discussão das cassações, da reforma política, voto por lista, eleição distrital tem sua importância, mas na verdade não tocam as grandes estruturais do país. Isso está afastado da agenda política.

Igor Felippe Santos: Por que isso aconteceu?
Carlos Nelson Coutinho: Em grande parte por culpa do governo do PT, que abandonou as grandes propostas do partido e se concentrou em gerir o existente e administrar uma política herdada. Estamos diante do triunfo da “pequena política”, que está marcando a vida brasileira e internacional. Não é um fenômeno só brasileiro.

Igor Felippe Santos: Como colocar a discussão das grandes questões na sociedade brasileira?
Carlos Nelson Coutinho: É fundamental que os movimentos sociais não conciliem com esse tipo de política pequena e continuem colocando suas demandas na agenda política geral. Nesse sentido, o MST tem cumprido o papel. Talvez seja o único movimento social significativo no Brasil que continua colocando as questões de estrutura em discussão. A direção da Central Única dos Trabalhadores (CUT), por exemplo, foi cooptada por esse modelo de governo. Não é casual que o presidente da CUT virou ministro do Trabalho [Luiz Marinho, empossado em julho]. Eu vejo com simpatia a criação do PSOL (Partido do Socialismo e Liberdade), um novo partido de esquerda, ainda em formação. Não está bem definido ainda seu programa e suas atividades, mas tem uma intenção explícita de recuperar e resgatar as bandeiras que o PT abandonou. E, portanto, pretende colocar na agenda política as grandes questões, como a construção de uma nova ordem social e reformas radicais que caminhem nesse sentido. É o que podemos fazer.

Igor Felippe Santos: Com a consagração da “pequena política”, a alternância de grupos no governo não vai promover as mudanças na estrutura social do país?
Carlos Nelson Coutinho: Infelizmente é o que tende a ocorrer no Brasil. Cria-se dois blocos de partidos, um centrado no PT e outro no PSDB, que provavelmente vão se alternar no governo, mas sem maiores modificações. Tanto faz um como o outro: a economia está blindada. É ótima essa expressão. O que conta se a economia está blindada? Em um discurso, Lula dizia o seguinte: ficam querendo que eu me meta na questão da taxa de juros, isso não é um problema da presidência da República, é do Banco Central. O presidente do BC não foi eleito. Mais de 52 milhões de pessoas votaram no Lula e ele abriu mão de decidir aquilo que é fundamental para o país, que é a política econômica e monetária. É uma prova clara de que estamos longe de viver uma situação efetivamente democrática. O povo não tem como interferir com o voto nem com pressão nas grandes decisões que afetam o destino de todos nós.

Igor Felippe Santos: Quais os desafios da esquerda dentro dessa conjuntura de polarização entre dois blocos sem diferenças significativas?
Carlos Nelson Coutinho: Precisamos colocar em discussão as grandes questões políticas. É uma tarefa que depende de toda a esquerda. Não é uma tarefa apenas do PSOL. Temos que criar um diálogo permanente entre a esquerda do PT - incapacitada de definir uma linha para o partido que discorde do governo, mas composta de pessoas valorosas que merecem nosso respeito – e com o PSTU, com quem frequentemente discordo pelas posições sectárias. E, sobretudo, com os movimentos sociais. A função do MST é fundamental. Se o MST for cooptado, o que infelizmente é uma possibilidade, será uma tragédia ainda maior para a esquerda brasileira do que a cooptação do PT e do governo Lula. Por exemplo, a “Carta aos Brasileiros” foi infeliz. Embora dissesse que era contra a política econômica, defendia o governo Lula, que diz explicitamente que não vai mudá-la. A carta fala também do mito da conspiração das elites. Pelo contrário, Lula continua no governo porque as elites querem. A blindagem da economia implica manter Lula lá porque faz a política que interessa ao capital financeiro e ao grande capital em geral. Naquele momento eu fiquei preocupado. Seria extremamente negativo para a esquerda brasileira se um movimento tão importante e significativo como o MST deixasse de lutar pela agenda política que sempre lutou, com uma proposta anticapitalista.

Igor Felippe Santos: Diante das imensas dificuldades, como reascender a discussão do socialismo?
Carlos Nelson Coutinho: Quem impõe à sociedade o socialismo é o capitalismo. Com suas enormes contradições, superadas por meio de novas contradições, cada vez maiores, o capitalismo coloca na ordem do dia a necessidade de outra ordem social, que é o socialismo. Uma ordem social solidária, não fundada no lucro privado, mas no interesse público. Pode haver formas de propriedade privada em alguns casos, mas seguramente os grandes meios de produção devem estar socializados. Para definir uma sociedade como socialista é fundamental que haja a socialização do poder político. Isso não ocorreu nos países do chamado “socialismo real”, o que explica o seu colapso. Imagino o socialismo no século 21 com uma crescente participação popular, com institutos de representação e parlamentos – é impossível no mundo de hoje não haver nenhuma representação – que têm que ser controlados por organismos de democracia direta de base, como conselhos locais e de fábrica, entre outros. Dessa forma, se cria espaços para uma autogestão dos trabalhadores sobre o conjunto da sociedade. O socialismo terá que ser profundamente democrático no sentido da integração da representação com a participação direta.

Igor Felippe Santos: Como trazer as massas para o jogo político?
Carlos Nelson Coutinho: É um grande desafio, uma tarefa cotidiana de todos nós. É preciso nos organizar e contribuir para a organização popular. Não fazemos política isoladamente. Um grande intelectual pode fazer uma declaração e influenciar pessoas, mas o caminho correto para fazer política é por meio da organização, em partidos ou movimentos.

Igor Felippe Santos: Vivemos em uma sociedade extremamente individualista. As pessoas querem levar vantagem em tudo e os anseios privados prevalecem. Nas cidades, esses valores parecem mais fortes que no campo. Como inverter a situação nos espaços urbanos?
Carlos Nelson Coutinho: No final dos anos 70, ainda sob a ditadura, houve um movimento associativista nas grandes cidades extremamente significativo, com a associação de moradores e favelados. Isso teve um papel importante no desgaste da ditadura e contribuiu para o fim do regime. Há um estudo que mostra que foram criadas mais associações no Rio de Janeiro, entre 1970 e 1980, que em todo o século 20. Foi um período muito rico. Portanto, é possível um associativismo urbano, inclusive de moradores de classe média e também favelados. Quem é culpado pela desativação do movimento social? É o PT ou o PT deu a guinada à direita porque o movimento social se enfraqueceu? Dialeticamente, são os dois fatores. Certamente, uma das nossas tarefas fundamentais é reativar o movimento social. O Gramsci tem uma frase muito bonita: um comunista deve combinar o pessimismo da inteligência com o otimismo da vontade. Não podemos ter ilusão na análise da realidade. Estamos vivendo uma realidade difícil. A esquerda está em retrocesso em todo o mundo. Tanto mais difícil é a situação tanto mais carecemos do otimismo da vontade para transformá-la. A análise pessimista não pode nos levar ao imobilismo. Ao contrário, deve nos levar a uma capacidade de ação e intervenção ainda maiores.

Igor Felippe Santos: Como você avalia a organização da sociedade civil brasileira durante o governo Lula?
Carlos Nelson Coutinho: O Brasil é uma sociedade mais “Ocidental” do que “Oriental”. Há uma sociedade civil forte que se construiu e vem se construindo há décadas. Teve um papel importante na vida política brasileira no período dito populista. Foi reprimida duramente pela ditadura, e conseguiu se manter. Teve um papel decisivo no fim do regime militar. Mas há dois tipos de organização nas sociedades “ocidentais”: o modelo americano e o modelo ex-europeu - que está mudando. No modelo dos Estados Unidos, há uma sociedade civil organizada em torno de interesses puramente corporativos, com um associativismo limitado a questões extremamente particularistas. Faltam discussões dos grandes temas políticos. De maneira esquemática e simplificada, eu chamaria de “ongzação”. Criou-se uma ideologia que redefine a sociedade civil com o reino do bem, do voluntariado e para além do Estado e do mercado. É um mito. A sociedade civil é terreno da luta de classes e de conflito profundo. Há uma tentativa de “americanização”. Querem transformar até mesmo o movimento operário em um instrumento puramente reivindicativo. É um risco.

Igor Felippe Santos: O setor bancário e as bolsas de valores são os setores mais beneficiados nos últimos anos pela no Brasil. Pode-se dizer que o capital financeiro tem a hegemonia na sociedade?
Carlos Nelson Coutinho: Dizer que tem a hegemonia na sociedade é complicado. Na década de 30 se formou no Brasil um bloco burguês, uma coalizão de frações burguesas. Até o final da ditadura, na década de 80, a fração industrial foi predominante. Isso marcou as políticas do período de alto crescimento e colocou o Brasil entre os países que mais cresceram no mundo. O triunfo do neoliberalismo é expressão do fato de que a fração financeira do capital, o capital bancário, mais precisamente, passou a ser a fração hegemônica no bloco de poder no Brasil e no mundo. A burguesia industrial continua também no poder, mas em condições não tão favoráveis como para o capital financeiro. A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e o vice-presidente José Alencar - que se revelou paradoxalmente à esquerda de Lula – brigam contra a taxa de juros. Não é casual. Os industriais não se beneficiam com essa altíssima taxa de juros. Quem se beneficia é o capital financeiro e setores da camada média que têm aplicações financeiras. A fração financeira do grande capital tem a hegemonia conflitiva sobre as outras frações do capital. Vendeu a idéia de que a estabilidade monetária e o equilíbrio fiscal são fundamentais para a salva-guarda da economia e do capitalismo, e as outras frações aceitam.

Igor Felippe Santos: Mas o capital financeiro continua avançando para a sua consolidação ideológica?
Carlos Nelson Coutinho: No Brasil de hoje há uma tendência da hegemonia de valores neoliberais, como as idéias de que temos que levar vantagem em tudo, cada um que lute pela sua vida, pobre é pobre porque é preguiçoso, quem tem mérito sobe na vida... Mas há resistências. Não há uma hegemonia consolidada da burguesia no Brasil como nos Estados Unidos. Em um Estado de tipo “Ocidental”, como é o caso brasileiro, além da coerção, as classes dominantes precisam consolidar seu domínio pela hegemonia. Estão tentando. A hegemonia neoliberal ainda é colocada em discussão permanentemente. A vitória eleitoral do Lula é em grande parte resultado do fato de que se votou contra o modelo neoliberal. Infelizmente, de certo modo, o governo Lula contribuiu para consolidar a hegemonia neoliberal.

Igor Felippe Santos: De que maneira o governo ajudou o neoliberalismo?
Carlos Nelson Coutinho: O mais grave do governo petista não é que tenham abandonado as velhas propostas e tenham aderido ao neoliberalismo. Ao fazer isso, eles esvaziaram as forças sociais que resistiam ao neoliberalismo, como o PT e os movimentos sociais. Paradoxalmente, temos uma situação de consolidação neoliberal pior do que no governo Fernando Henrique, quando havia oposição real. Na Argentina, Carlos Menem [presidente do país entre 1989-99] privatizou tudo. A radicalidade da política neoliberal na Argentina foi muito maior que no Brasil. Não porque FHC não fosse tão liberal quanto Menem, mas havia o PT, a CUT e o MST que combatiam. A resistência está enfraquecida exatamente porque PT e CUT, particularmente, deixaram de oferecer resistência ao neoliberalismo. O governo petista se tornou o terceiro governo da Era FHC – como diz Chico de Oliveira. Há uma hegemonia do neoliberalismo razoavelmente consolidada, mas ainda questionada permanentemente. Até porque o neoliberalismo só fez piorar as condições de vida do povo brasileiro e aumentou a miséria. Os “bolsas-famílias” não vão resolver. No período de 1930 até o final dos anos 80, houve uma certa taxa de inclusão social, com trabalhadores de carteira assinada e direitos previdenciários. Tivemos idas e vindas. Na ditadura caiu o salário, mas não foi tanto. Mantiveram um certo padrão de vida dos trabalhadores. De lá para cá, com o triunfo do neoliberalismo as condições de vida pioraram, os direitos sociais estão sendo desconstruídos e a parcela da renda do trabalhador no PIB (Produto Interno Bruto) diminuiu substantivamente. Em um quadro como esse, é muito difícil obter o consenso.

Igor Felippe Santos: Para a esquerda construir a sua hegemonia, é possível contar com uma parcela da burguesia ou é preciso trilhar por outro caminho?
Carlos Nelson Coutinho: É um fato real a idéia de que setores do pequeno e médio capital podem estar interessados em uma política antineoliberal. Tanto uma burguesia média urbana como rural também - embora a União Democrática Ruralista (UDR) tenha tido a habilidade para hegemonizar o pequeno produtor rural, em nome da defesa da propriedade. Setores da burguesia podem aceitar algumas propostas. De qualquer forma, o centro da aliança alternativa ao neoliberalismo deve ser os trabalhadores urbanos e rurais. Trabalhadores no sentido amplo, não só classe operária fabril, mas do setor de serviços, tradicionalmente chamado de pequena burguesia, mas que hoje de burguesia não tem nada, só de pequena.

Igor Felippe Santos: Pela via institucional é possível engendrar as transformações na sociedade?
Carlos Nelson Coutinho: Eu acredito mais numa combinação entre a via institucional e pressões vindas de baixo. Entendo democracia como um sistema que integra fortemente instituições, evidentemente, mas participação popular. As transformações poderão passar pelos caminhos institucionais, mas só na medida em que houver pressão de baixo e institutos de democracia direta que corrijam as distorções de democracia representativa.

Igor Felippe Santos: Dentro da idéia de combinação de disputas eleitorais e pressões populares, como deve ser a relação dos partidos de esquerda com os movimentos sociais?
Carlos Nelson Coutinho: Deve ser de diálogo permanente. Aliás, um problema do PSOL é que ele não nasce ligado a fortes movimentos sociais. Ao contrário do PT, que surgiu a partir do movimento social, particularmente operário e sindical. Isso foi um fator muito importante para a dinamização e crescimento do partido. O PSOL ainda não conseguiu isso, mas é uma tarefa fundamental. O Gramsci acredita que os intelectuais sabem, mas nem sempre sentem, e o povo sente, mas nem sempre sabe. É de um diálogo entre intelectuais e movimentos sociais que podemos formular um bloco histórico efetivamente transformador. Os partidos devem dialogar e aprender com os movimentos, mas ao mesmo tempo deve dar uma diretriz geral, sem reprimir as demandas particulares dos movimentos, mas que seja capaz de potenciá-las numa frente mais ampla que envolva o conjunto da sociedade.

Igor Felippe Santos: O PT surgiu com uma nova base ideológica, que negava tanto o socialismo soviético como a social-democracia européia. Com o tempo foi se burocratizando e perdendo as características originais. Na Europa aconteceu a mesma coisa com os partidos de esquerda. Quais devem ser as características de um novo partido de esquerda para evitar que os mesmos erros se repitam?
Carlos Nelson Coutinho: Também aqui não há nada que nos assegure contra isso. É sempre uma tarefa dos militantes e da direção do partido lutar para evitar o risco burocrático. O sociólogo alemão conservador Robert Michels escreveu um livro chamado “A sociologia dos partidos políticos”, no qual faz um estudo empírico da social-democracia alemã para mostrar como um partido revolucionário e radical foi progressivamente se burocratizando e terminou por ser um partido pouquíssimo democrático integrado ao sistema. Michels chegou a criar uma “lei de ferro da oligarquia”: toda organização termina fatalmente oligárquica. Apesar de discordar da tese, é um risco real.

Igor Felippe Santos: Vale a pena correr o risco?
Carlos Nelson Coutinho: É um risco que inevitavelmente se correrá. Não é fatal que triunfe a burocratização. Eu continuo considerando o partido político como uma forma imprescindível na luta social. O partido revolucionário e transformador tem exatamente como função básica universalizar as demandas dos diferentes setores e colocar uma alternativa de sociedade. Para Gramsci, quando um partido não cumpre as suas funções, um intelectual importante, um jornal ou um grupo de jornais e um movimento podem ocupar a função. Se um partido não faz isso, um movimento social pode fazer, apesar de não poder ter a função precípua de um partido político.

É possível um partido revolucionário se manter revolucionário participando do jogo institucional?
Carlos Nelson Coutinho: Depende do que a gente entende por revolução. Na história do próprio pensamento marxista, há diferentes conceitos de revolução. A depender do contexto concreto, há estratégias revolucionárias diferenciadas. Há a estratégia de assalto ao poder, nas sociedades de tipo “Oriental” - que foi vitoriosa na Rússia de 1917 - que me parece inadequada para países de sociedades mais complexas, nas quais deve vigorar a “guerra de posição”. Eu tenho chamado essa estratégia de reformismo-revolucionário. Nós podemos trabalhar lutando por reformas radicais, mas tendo como objetivo final a superação do capitalismo. Não é substituir a revolução pela reforma, mas combinar dialeticamente reformas que apontem no sentido das transformações da ordem social. Estamos diante de grandes desafios. A esquerda mundial nunca esteve tão desafiada como está hoje. Nós brasileiros estávamos na contramão da tendência histórica de declínio da esquerda. O PT é o único partido de esquerda que cresceu no período de crise do movimento real do socialismo. Agora não estamos mais, nos encontramos pasteurizados como a esquerda mundial.


Por: Igor Felippe Santos, no ‘Brasil de Fato’.
Em: Dezembro de 2005.
Acesso em 24 de Setembro, 2012.

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