Você acha que os grandes eventos esportivos em nosso país (Copa do Mundo e Olimpíadas) trarão benefícios aos brasileiros?

Mostrando postagens com marcador Aquecimento Global. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Aquecimento Global. Mostrar todas as postagens

O poder do agronegócio sobre os Estados na Rio+20...


Olá pessoal...

As discussões ligadas a Geografia Agrária nunca forram tão pertinentes. Com a conferência Rio+20 as questões ligadas ao meio ambiente e a sustentabilidade tomaram força no cenário mundial. Dentro deste tema, as questões agrárias também adquirem sua importância, quando nos reportamos aos modelos de produção.
O Brasil já foi intitulado como ‘celeiro do mundo’. A mídia insiste em maquiar o agronegócio como o maior responsável pela produção de nossos alimentos. Ser o maior produtor de soja é o troféu que carregamos. Mas, alguém aí come soja diariamente (salvo as exceções)?
Infelizmente, muitos não sabem que 70% dos alimentos que chegam a nossa mesa são oriundos da agricultura familiar. Não entendem que o modelo familiar é responsável pela maior geração de empregos no campo e que, além disso, o modelo agroexportador é muito mais nocivo ao meio ambiente.
No entanto, os investimentos estatais no agronegócio superam expressivamente os investimentos na agricultura familiar. Por que essa contradição? Por que o mundo ainda enxerga o agronegócio como o caminho para o fim da fome, redução da pobreza e para a sustentabilidade? Como ficam os modelos agroecológicos nos debates internacionais?
A entrevista abaixo publicada pelo jornal “Brasil de Fato” é uma ótima dica para quem deseja analisar o assunto de outra perspectiva...


O PODER DO AGRONEGÓCIO SOBRE OS ESTADOS NA RIO+20

Foto: João Zinclar
Com vasta experiência na área agroecológica no Brasil, o economista Jean Marc Von Der Weid participou junto à sociedade civil da ECO 92 e vem acompanhando desde a década de 1980 os movimentos ambientais no Brasil. Atualmente é coordenador de Políticas Públicas da ONG Agricultura Familiar e Agroecologia (AS-PTA) e membro da Articulação Nacional de Agroecologia (ANA).
Nesta entrevista ele fala sobre a perspectiva de fracasso da Rio+20, as forças políticas e interesses que estão em xeque, a falsa visão ambiental da economia verde e aponta a agroecologia como solução para muitos problemas climáticos e energéticos no planeta. Segundo o estudioso e militante, a tendência é uma regionalização da cadeia produtiva alimentar e a potencialização da agricultura familiar para garantir a alimentação dos povos.

Brasil de Fato: Você pode primeiro contextualizar o evento que ocorreu no Rio de Janeiro em 1992 e os compromissos que foram cumpridos ou não nestes 20 anos?
Jean Marc Von Der Weid: As diferenças entre 1992 e a Rio+20 são radicais e contraditórias. Porque hoje você tem muito mais crítica sobre o modelo de desenvolvimento e o sistema capitalista no mundo, e muito mais informação dos impactos ambientais. No entanto, naquela altura havia mais interesse dos governos em discutir esses problemas e enfrentar as questões. É paradoxal, mas é assim. Hoje as multinacionais e grandes empresas estão atuando a fundo tanto nos espaços nacionais para definir as políticas e programas de seus governos na Rio+20, como participando das delegações oficiais e criando espaços paralelos de debate. Houve uma série de resoluções importantes do ponto de vista do meio ambiente e do desenvolvimento em 92, que hoje em dia não tem nada similar sendo discutido: a Convenção da Biodiversidade e a do Clima, a própria Agenda 21, etc.
De lá para cá existe, tanto na questão climática, quanto na biodiversidade, um processo de erosão das decisões que foram tomadas, as resoluções foram esvaziadas paulatinamente. A questão do clima se transformou depois na reunião de Copenhagen, que rigorosamente não tem mais nenhum tipo de compromisso internacional que seja levado a sério. E o governo estadunidense nunca entrou nos compromissos internacionais sobre a questão climática. O resultado é uma porcaria, e sequer envolve o compromisso dos estadunidenses em aplicar as tais resoluções.
A construção da questão ambiental está muito mais enfraquecida. A fórmula da Rio+20 tem evitado fazer um balanço do que aconteceu nos últimos 20 anos, e o balanço é lamentável. Você tem algo oficioso pela ONU que pega todos os acordos feitos de 1992 para cá e sucessivas reuniões daquelas decisões. Mas não tem nenhuma situação de progresso internacional do ponto de vista objetivo, e nem do arcabouço jurídico institucional que deveria reger essas mudanças. Pelo contrário, e o resultado é que houve uma aceleração do processo de aquecimento global. Na questão da biodiversidade, estamos perdendo espécies mais rapidamente, sobretudo porque entrou em jogo a produção transgênica, que foi um arraso em relação à variedade genética. E várias outras coisas, como perdas de solo e água.

Brasil de Fato: Até que ponto vai a influência da participação corporativa nas negociações?
Jean Marc Von Der Weid: A iniciativa empresarial apagou o que estava acontecendo e simplesmente começou tudo de novo. Em 1992 instituiu-se a ideia de desenvolvimento sustentável, que sempre foi complicada. O princípio era interessante, mas quando se define sustentabilidade cada um dá a sua definição. A Monsanto e a Coca Cola dizem que o que elas fazem é sustentável, por exemplo. Quando você não tem um critério estabelecendo um conceito universal, cada um faz e fala o que bem entende. Atualmente está sendo lançado um novo conceito de economia verde que, na prática, é mais do mesmo pintado de verde. Transgênicos e agrotóxicos são apresentados como economia verde.
Estamos num momento muito ruim do ponto de vista do destino da humanidade, porque os governos estão extremamente enfraquecidos. Essa é outra grande diferença de 92, quando havia uma expansão da economia internacional que praticamente só fez acelerar até 2008. Se você descontar a economia da China e da Índia, que ainda se mantêm em expansão acelerada, embora o ritmo tenha diminuído, o resto do mundo está paralisado. Não é um bom momento para você falar em reformar o sistema e aplicar recursos para mudar a base produtiva, porque os governos não vão mudar. Eles querem manter as coisas como estão, e rezar para que o meio ambiente não reclame.         

Brasil de Fato: A tendência é que não ocorram avanços na Rio+20?
Jean Marc Von Der Weid: Os organizadores acham que não vai ter avanço. O francês Brice Lalonde, que é secretário da Rio+20, disse em público que confiava na sociedade civil para agitar a Conferência. Mas a sociedade civil não está imune aos problemas que o conjunto da economia mundial está passando. Muitas organizações sociais estão na defensiva tentando segurar os direitos conquistados ao longo de 50 anos, porque a contraofensiva patronal hoje na crise financeira é para derrubar os direitos dos trabalhadores. A receita aplicada na Grécia é a ameaça para todo mundo. E ao mesmo tempo as empresas não perdem nada, pelo contrário, com a ameaça de quebra o Estado sai bancando o prejuízo. Os bancos são os primeiros beneficiários, os grandes gerentes do sistema financeiro internacional continuam ganhando uma baba sem restrição nenhuma. Por outro lado, você tem muito mais capital de conhecimento acumulado pela sociedade civil, principalmente científico, nos temas chave de 92 e hoje. A agroecologia ainda não tinha a segurança que tem para dizer que não é uma aposta, e sim alternativa clara para o desenvolvimento. Experiências apontam saídas e soluções para a nossa crise sócio- econômica-ambiental.  

Brasil de Fato: Você falou que a gente vive uma crise ambiental sem precedentes. Quais são as questões mais graves que a humanidade enfrenta hoje?
Jean Marc Von Der Weid: Você tem dois tipos de riscos, um ambiental e outro econômico energético. A questão ambiental mais grave, nos próximos 50 anos, é o aquecimento global, cujos efeitos são devastadores e em múltiplas direções. Começando por desestabilizar o sistema produtivo agrícola de forma brutal, e tudo com consequência direta na segurança da humanidade. O aquecimento global pega pesadamente na qualidade da água e quantidade e qualidade de alimentos. A agricultura está no coração dos problemas energéticos e do aquecimento global, mas ninguém está discutindo o que vai acontecer do ponto de vista energético nos próximos tempos.
Uma das propostas da economia verde na energia é você substituir combustíveis fósseis por eólico, hidroelétrico, hidráulico, etc. Mas não é discutido a fundo o quanto precisa fazer e em que velocidade para responder os problemas de queda na oferta de energia nos próximos 30 anos. Há uma avaliação cada vez mais generalizada de que a era do petróleo e gás está acabando, e as implicações são absolutamente colossais para a humanidade. Não há ainda nenhuma alternativa verde que dê conta dessa perda. Os custos vão ser muito mais altos, e a dificuldade de implantação vai exigir um tempo de transição muito grande. A crise vai pegar mesmo no fígado.

Brasil de Fato: E o Brasil está vindo com o pré-sal na contra mão da história...
Jean Marc Von Der Weid: Nós estamos achando petróleo numa quantidade razoável porque as descobertas no mundo são cada vez menores e o consumo vem crescendo muito rápido. A tendência geral é de queda e custos mais altos com impacto enorme na economia. Isso vai desorganizar a economia do mundo como um todo. O sistema alimentar mundial, hoje, tem um custo energético monstruoso para produzir, processar, transportar e uma perda colossal no consumo. Tem desperdício ao longo da cadeia, mas o desperdício final, sobretudo nos países mais desenvolvidos, vai além de 30%. Dados apontam para um desperdício de alimentos nos Estados Unidos é dez vezes superior ao da África subsaariana. O sistema mundial foi bolado num período de baixíssimo custo de transporte, com petróleo a preço de banana. O custo médio nos Estados Unidos de um alimento normal no prato de um americano é de 5 mil milhas de viagem. No Canadá são 12 mil em média, então esse tipo de situação vai ser completamente desarticulada e desorganizada. E se fizer biodiesel e álcool combustíveis, vai pegar na cadeia alimentar pesadamente. O Fidel Castro fez uma comparação dizendo que o álcool combustível, com esse negócio do biodiesel, é botar em concorrência a alimentação do pobre com o carro do rico.   

Brasil de Fato: Você falou da crise climática e uma crise energética, e as duas estão associadas...
Jean Marc Von Der Weid: Enquanto você não tem uma solução energética de combustíveis fósseis, a tendência é o mundo usar até o limite. Na medida em que o petróleo está ficando caro, por exemplo, está voltando a se utilizar o carvão que é o maior emissor de gases de efeito estufa. É um círculo vicioso. A aceleração do processo de substituição não pode vir simplesmente pela extinção do que existe, você tem que antecipar com alguma solução que evite uma situação dramática. Os recursos naturais renováveis têm a ver, por exemplo, com as estruturas: água, solo, biodiversidade, que são altamente ameaçadas. Nos anos 90 já tinha perda de aproximadamente 46% de toda a área cultivada em culturas anuais. São em torno de 2 bilhões de hectares de área de cultivo, e em torno de 12% já está inviabilizado para produção. Os índices mais pesados são os da agricultura convencional, o agronegócio, até porque são os que ocupam as melhores terras do mundo. E a água está acabando por várias razões, entre elas o aquecimento global, que está interferindo, por exemplo, nos sistemas de irrigação na Índia e em todos os países dos Andes. Estes dependem desde o tempo dos incas do derretimento da neve na estação do verão para alimentar os rios e córregos para fazer irrigação. O problema é que atualmente você tem invernos em que não neva. Na Índia é pior ainda, porque os glaciários do Himalaia estão derretendo e quando acabar o Ganges seca.

Brasil de Fato: Quais experiências propõem uma alternativa para essa crise energética e climática que você está desenhando?
Jean Marc Von Der Weid: Na verdade não há nenhuma solução elaborada que permita você dizer que tem um modelo econômico macro, em grande escala, que responda a essas questões mundialmente. Uma coisa fundamental que já vem sendo batida desde o relatório de 1972 é a necessidade de alterar o modelo de consumo do mundo. A começar pelo consumo energético como, por exemplo, a civilização do automóvel individual que está condenada. Você tem que criar uma sociedade que funcione com o transporte público e circuitos mais econômicos. Porque o automóvel, em particular o dirigido por uma pessoa, é uma das coisas de pior eficiência energética que você pode achar no mundo. E outras coisas, como no consumo alimentar esse negócio da milhagem. A pessoa vai ter que se alimentar de acordo com o que é possível produzir com a menor distância possível para ela consumir. Então você vai alterar os regimes alimentares mundo afora, relocalizar o sistema alimentar e, inclusive, mudar as dietas.
Do ponto de vista da produção, na agricultura o futuro é claramente a agroecologia. É um sistema de balanço energético positivo. Nos Estados Unidos, para cada caloria servida ao freguês você investe 10. Com o sistema agroecológico você vai reduzir a emissão de gases de efeito estufa, segurar as questões de destruição de solo e a economia no uso de água, além da conservação de biodiversidade. A agroecologia pode ser operada em níveis muito variados. É um sistema múltiplo de cultivos e criações intercalados com vegetação nativa manejado de uma forma sistêmica. A estratégia da agroecologia é mimetizar os sistemas naturais, você se aproxima da diversidade natural para usar o seu sistema produtivo. É a melhor produtividade possível por área, mas tem uma série de restrições. Para você manejar um sistema altamente diversificado e complexo, você vai precisar de mão de obra qualificada. E vai ter um limite da quantidade de área por mão de obra utilizada, pois são sistemas em que o nível de mecanização é baixo. Uma proposta agroecológica no limite de seu potencial de diversidade é, por exemplo, o sistema de Fukuoka, no Japão, cujo cultivo é misturado dentro do mato. Tudo é essencialmente manual, não tem absolutamente nenhuma operação mecanizada. Mas você pode fazer coisas intermediárias, não deixa de ser agroecológico, mas certamente o nível de eficiência é menor pois o ideal é o máximo de diversidade de sistema.
Para você fazer um sistema altamente produtivo de agroecologia vai precisar de agricultores familiares, que são os que têm interesse e conhecimento. Não é um sistema que opere bem com mão de obra assalariada, pois esta só funciona com tarefas simples como cortar cana, colher maçã, conduzir o gado, etc. Se você vai pedir uma tarefa extremamente complexa ele não tem interesse, porque vai ganhar igual por hora de trabalho. E é o trabalho não alienado, com interesse direto de quem vive daquilo e de tudo que ele acumulou de conhecimento para fazer aquele negócio. Há uma simbiose perfeita entre a agroecologia levada a seu limite máximo e a agricultura familiar. Isso significa que no futuro precisa de muito mais agricultura familiar do que você tem hoje.

Brasil de Fato: Isso é uma solução para o inchaço das cidades?
Jean Marc Von Der Weid: Com certeza, mas a questão dos Estados Unidos, por exemplo, é que eles têm 2 milhões de agricultores e precisariam botar 38 milhões no campo. Não é uma coisa que você faça de uma hora para outra, nem que faça bem. Quando a crise se colocar, eles vão precisar de gente para produzir alimentos e não vão ter, pois os desempregados nas cidades não têm conhecimento. Cuba é um bom exemplo de crise energética, pois viveu numa porrada só o que o mundo está vivendo aos pouquinhos: a perda da energia fóssil. Eles dependiam do petróleo russo para operar e de repente parou tudo do dia para noite, porque a agricultura era toda mecanizada. Eles tiveram que reformar o sistema produtivo de grandes fazendas mecanizadas em propriedades familiares cooperativas. O grande problema foi achar gente, é uma operação complicada porque se perdeu conhecimento. E a nossa situação dramática no Brasil é um processo de perda de conhecimento muito grande, porque a reforma agrária estancou. No período do Lula houve uma evasão violenta de juventude no campo, e quem é que vai herdar o conhecimento e continuar a tocar as coisas?  

Brasil de Fato: O agronegócio está bem estabelecido no campo brasileiro?
Jean Marc Von Der Weid: Ainda tem uma área grande na mão da agricultura familiar, mas a tendência, até por pressão do governo, é mecanizar isso também. Aquele programa “Mais alimentos”, que os movimentos chamam de “mais trator”, levou a mecanização pesada principalmente no sul. Mas em muitos lugares significou que o cara para mecanizar tem que fazer monocultura, imediatamente um puxa o outro. Nós temos um patrimônio cultural e um campesinato bastante rico, mas estamos vivenciando um processo de erosão de conhecimento e de abandono do campo. No meu cálculo, para o Brasil seriam necessárias 15 milhões de famílias para o desenvolvimento agroecológico, e atualmente a agricultura familiar deve ter 4,5 milhões. No governo Lula você tinha expectativa de fortalecer a agricultura familiar e apertar um pouco os impactos do agronegócio, mas não aconteceu. O agronegócio está nadando de braçada e ganhou força, e querem impor o Código Florestal. Vamos ver se a Dilma vai ter coragem de vetar.    

Brasil de Fato: Você pode fazer uma radiografia da agroecologia no Brasil?
Foto: João Zinclar
Jean Marc Von Der Weid: A agroecologia deve ter cerca de 40 anos. O nosso programa foi um grande impulsionador da agroecologia no Brasil, quando começou em 1983 ainda era algo confinado a alguns profissionais das ciências agrárias isoladas. Uma garotada da Federação dos Estudantes de Agronomia, os grupos de agricultura ecológica, era um troço pequeno. Naquela altura você tinha a agricultura orgânica na direção da agroecologia com a biodinâmica. De lá para cá houve um avanço muito grande da agroecologia, a Articulação Nacional de Agroecologia (ANA) é uma expressão de movimento agroecológico significativo que envolve tudo: conhecimento tradicional, indígena, inovações da agricultura familiar e científica, etc. Existem exemplos suficientes pelo país afora, não só em outros países do mundo, que mostram o sucesso da Agroecologia. São várias sistematizações que têm uma eficiência maior que o sistema tradicional. Existem óticas e interpretações variadas porque, por exemplo, tem áreas com uma influência maior do sistema de produção orgânico, que está mais preocupado em produzir para um nicho de mercado, pois paga mais caro, mas acho que limita um pouco o sistema de produção agroecológico: poucos agricultores para poucos consumidores.
O sistema de agricultura orgânica no mundo padece desse impasse, porque o sistema de regulação, de certificação, é um sistema de produção de mercado em muitos lugares. Eu vi isso na França. Quando teve a crise da vaca louca houve um hiperaumento de demanda para produtos orgânicos. E o presidente da Federação de Produtores de Agricultura Orgânica disse que estavam cheios de agricultores, mas o sistema de certificação apertou os critérios de conversão. Freou a capacidade de novos orgânicos entrarem no mercado. 

Brasil de Fato: Quais as dificuldades da aproximação da agricultura familiar com a agroecologia?
Jean Marc Von Der Weid: O agricultor familiar enfrenta muitas barreiras com a legislação sanitária, porque é montada para beneficiar grandes extensões. E para conversão de um agricultor à agroecologia você precisa mostrar que o meio ambiente é importante para ele produzir para ganhar. Frequentemente você entra com diminuição de custo de produção, tirando o agrotóxico, produzindo com semente crioula e sem adubo químico. E a tendência desses insumos é aumentar a um ponto que o cara vai ver que esse sistema mais integrado não só vai reduzir os custos de produção, como aumentar a produtividade. E, sobretudo, diminuir o risco. Aos poucos ele começa a ver que os elementos ambientais jogam um papel no sistema agroecológico: primeiro deles é a conservação do solo.

Brasil de Fato: Então o maior desafio da agroecologia é a capacitação?
Jean Marc Von Der Weid: Capacitação. E acho que tem uma questão pedagógica, uma abordagem correta é conseguir mostrar passo a passo que essas práticas têm um impacto importante no ponto de vista de custo, de risco, de benefício para saúde e econômico. Isso é uma questão fundamental.



Por: Eduardo Sá, no ‘Brasil de Fato.
Em: 25 de Abril de 2012.
Acesso em 19 de Julho, 2011.

Não deixem de comentar...
Boas reflexões!
Abraços!
Reforma Agrária, no Brasil, está mais próxima. Será?

Preservação ambiental e justiça social global – quando?


Olá pessoal...

As discussões sobre aquecimento global, preservação ambiental e outros assuntos deste gênero estão em alta. Não podemos negar que, nesses últimos anos, evoluímos nas discussões. Mas, ainda é preciso deixar de lado interesses particulares a fim de se chegar a um consenso.
O novo código florestal brasileiro é um expressivo exemplo disso. Os interesses particulares, ligados a mais valia de grandes proprietários (que em muitos casos são também políticos) foi o fator determinante das mudanças. A preservação ambiental foi, novamente, deixada em segundo plano. E isso não acontece apenas no Brasil. As dificuldades encontradas pelas políticas de preservação ambiental em âmbito internacional, também esbarram neste interesse.
E é justamente este assunto que será discutido no artigo publicado pela revista eletrônica “Carta Capital” e escrito por Pedro Estevam Serrano. Nele o autor refletirá sobre os interesses que existem por de trás das políticas ambientalistas e sobre a existência (ou não) da possibilidade de conciliação entre desenvolvimento e preservação (o que chamamos de sustentabilidade) – tudo isso atrelado a divisão de renda e justiça social.
Observemos artigo a seguir...


PRESERVAÇÃO AMBIENTAL E JUSTIÇA SOCIAL GLOBAL

Desde que o conceito de preservação ambiental surgiu pela primeira vez, o entendimento sobre o que é sustentabilidade passou por significativas transformações. Inegável, por conseguinte, que a discussão atual é mais madura e abrangente que a travada no despontar dessas preocupações. Ressentimo-nos, contudo, de avançar em vertentes indispensáveis ao desenvolvimento do debate ambiental: as dimensões sociais da proteção ao meio em que vivemos.
Por mais absurdo que pareça, o estágio em que nos encontramos permite vislumbrar tais dimensões como degraus inerentes ao tratamento comprometido com o problema, mas experimentamos certa hesitação quando se trata de percorrer esse mesmo trajeto. E a razão para isso é historicamente conhecida: incluir o enfoque social implica em atentar contra interesses há muito consolidados, que servem à manutenção de um status quo ofensivo à própria noção de humanidade cidadã que começamos a construir.
A despeito do senso comum que vem sendo difundido, a comunidade científica não é coesa em torno das causas das mudanças climáticas que nos assolam. Existe um grupo que considera os movimentos de aquecimento da atmosfera como decorrentes da própria trajetória da Terra ao longo das eras, algo vinculado aos ciclos geológicos que intercalam, de tempos em tempos, resfriamento e calor. Outro grupo, por sua vez, aponta o ser humano como o catalisador dessas mudanças, o verdadeiro responsável pelo início do atual ciclo de aquecimento. No entanto, para ambos os grupos, não restam dúvidas quanto ao papel de protagonista do homo sapiens na aceleração das transformações, por sua influência no meio ambiente, cada vez maior e mais impactante, seja como agente preponderante ou auxiliar das mutações.
É sobre essa convicção científica que se assenta a necessidade de introduzir as dimensões jurídicas e sociais do debate ambiental, a partir da compreensão de que o conceito jurídico de cidadania global pressupõe que sejam equacionados os desequilíbrios sociais existentes atualmente. Em outras palavras, mais assertivas: não há como se falar em equilíbrio ambiental no planeta sem antes debatermos os meios de superar as desigualdades sociais existentes na geopolítica global.
A ONU (Organização das Nações Unidas), um dos organismos internacionais que podem atuar decisivamente para o equilíbrio sociopolítico e ambiental, produziu em 2009 um estudo sobre desastres climáticos no mundo ocorridos entre 1975 e 2007 (“Risk and Poverty in a Changing Climate”, ou “Risco e Pobreza em Mudanças Climáticas”). A esperada conclusão foi que as populações dos países pobres e de governos instáveis ou com instituições menos sólidas sofrem mais danos —e mais profundos e permanentes— resultantes de desastres climáticos do que as populações de países desenvolvidos. A combinação de instituições frágeis, desigualdades sociais e baixo nível de desenvolvimento amplia as consequências das calamidades.
Ora, se a ação do homem é relevante para acelerar os processos de aquecimento global e os desequilíbrios ambientais e se as nações menos desenvolvidas sofrem acentuadamente mais com esse quadro, é preciso atuar em duas frentes de maneira concomitante: trabalhar no desenvolvimento tecnológico e social para mitigar os efeitos da ação do homem sobre o meio ambiente; e, de forma especial e mais urgente, alterar os padrões de consumo no mundo.
A primeira frente é abordada com frequência e muita propriedade pela maioria esmagadora dos ambientalistas, em propostas de ação que vão desde identificar novas fontes de geração de energia limpa, formas de diminuição do ritmo de crescimento populacional e até otimização dos detritos para obter o mínimo possível de lixo ao final da cadeia produtiva. A segunda frente, no entanto, é menos levantada. Há um problema de justiça distributiva no mundo, e a verdade é que não temos como consumir todos no padrão das nações desenvolvidas, porque manter esse padrão e ritmo é perpetuar as implicações sociais nocivas, detectadas pelo estudo da ONU, nos países em desenvolvimento e não desenvolvidos. Em essência, se o ideal de desenvolvimento igualitário entre primeiro e terceiro mundo for realizado, se todos consumirmos no padrão médio de consumo da população primeiro-mundista, os recursos naturais do globo deixarão de existir.
Não podemos mais travar o debate ecológico sem absorver o inescapável prisma social. Da mesma forma, pensar as políticas ambientais doravante é ter de modificar os níveis de consumo do mundo globalizado. Buscar mecanismos de frear a degradação ambiental sem avançar sobre como iremos redistribuir a renda e o consumo mundiais é refletir sobre parte do problema, produzindo uma ideia de sustentabilidade injusta e não cidadã. Porque não podemos mais, como humanidade cidadã, permitir que o hiperconsumo nos países desenvolvidos se dê à custa da miséria dos subdesenvolvidos.
O jornal britânico Daily Mail publicou, em 2010, pesquisa que evidencia essa desproporção de consumo. Em média, as mulheres britânicas têm 12 peças de roupa que não são usadas há anos. Juntar todos os guarda-roupas femininos do Reino Unido resulta em R$ 14,3 bilhões (5,4 bilhões de libras) inutilizados. O exemplo do guarda-roupa feminino serve também para os homens, pois o nível do consumo mundial hoje em dia não é veleidade exclusiva a um dos gêneros, é difundido a quaisquer que sejam os sexos, preferências sexuais, profissões, faixa etária etc. Muito do que consumimos é composto de produtos que não vamos usar. E isso se dá à custa da fome nos rincões mais pobres do mundo —na Ásia, na África, na América Latina, no Brasil, ao menos quando pensamos a distribuição dos patamares de consumo na geopolítica global face a um ecossistema de recursos naturais limitados.
Se não imbuirmos o debate ambiental com a perspectiva de redistribuição de renda e consumo no mundo, se não buscarmos equilíbrio do ser humano com o uso dos recursos ambientais e também com os demais seres humanos, estaremos buscando um modelo de preservação ambiental que, mais uma vez na história, privilegiará os de sempre. Adotando políticas de pura e simples interrupção nos níveis de crescimento de consumo, sem que junto sejam produzidas formas de mitigação nas desigualdades deste mesmo consumo, estaremos condenando a maior parte da humanidade a pagar com a fome pela manutenção dos recursos naturais necessários ao sustento do consumo irracional dos povos privilegiados. Destarte, estaremos distante do que se pode entender por cidadania global.
Debater como controlar o aquecimento global e outras questões que impliquem na preservação da vida no planeta é, portanto, rediscutir as relações sociais e de poder no plano internacional. Devemos estancar os padrões de consumo global, redistribuindo pelo globo seus patamares, através de políticas compensatórias do primeiro mundo ao terceiro, de molde a equalizar o consumo global em patamares mais igualitários e menos agressivos ao meio ambiente. Sustentabilidade real não há sem justiça social global.



Por: Pedro Estevam Serrano, na Carta Capital.
Em: 29 de Abril de 2011.
Acesso em 29 de Abril, 2011.


Não deixem de comentar...
Boas reflexões!
Abraços!

Tragédia na serra fluminense: culpa do homem ou do clima?



Olá pessoal ...

Como é engraçado as coisas no Brasil. Há um mês atrás ou um pouco mais não se falava em outra coisa que não fosse o grande acontecimento/tragédia urbana na região serrana do estado do Rio de Janeiro. As expectativas é que no mínimo um ano e meio fosse necessário para que as coisas começassem a voltar ao normal!
Mas, como que em um número de Mágica, a televisão não mais notícia as condições atuais daquela região. Será que as expectativas estavam erradas? Os problemas já estão resolvidos? Ou as notícias sobre esta calamidade deixaram de ser interessantes para os (re)produtores midiáticos? Porém, essa é outra questão ...
E quando falamos nos verdadeiros culpados por este acontecimento? Vou alistar alguns que ouvi nas mídias pro aí: Aquecimento Global (o mais citado), o alto índice pluviométrico concentrado em poucos dias, a escolha errada da população ao morarem em áreas de instabilidade (aparentando que essa escolha era comissionada por desejo e não por imposição), e a culpa das políticas públicas (só me recordo de ver falar, nesta ultima, uma vez apenas).
Normalmente o grande vilão é o aquecimento global, mas, na verdade, a tragédia da serra fluminense se trata de pura geografia urbana.
Vejamos o que Edilson Adão Cândido da Silva discute em seu texto publicado na “Carta Capital”.


CULPA DO HOMEM OU DO CLIMA?

O Brasil é um país privilegiado no quesito natureza. Por apresentar uma geologia muito antiga com alguns terrenos que datam ainda do período arqueozoico e rochas com mais de 3 bilhões de anos, o País praticamente está isento de grandes sismos e, consequentemente, das catástrofes tectônicas. Pelo mesmo motivo há ausência de vulcões ativos. Os temidos furacões que tanta destruição provocam são fenômenos oriundos de águas oceânicas com temperaturas acima de 26,5 graus, mas da América tropical centro-setentrional; não ocorrem no Sul, área mais sujeita a ciclones. Os tufões, não menos trágicos, são asiáticos e os tsunamis, tectonismo oceânico, também passam longe da costa brasileira. Isso justifica em parte a expressão “Deus é brasileiro” ou antiga piadinha de que Deus legou tudo ao Brasil e puniu o Japão.
Contudo, quando acontecem movimentos gravitacionais de massa, os deslizamentos, como os ocorridos em janeiro deste ano na região serrana do Rio de Janeiro, alguns repensam a anedota nacional. No entanto, é bom que se diga, não podemos atribuir exclusivamente à natureza os tristes episódios da abertura de 2011. Eles são, sim, um híbrido entre fatores naturais e sociais, mas com um peso bem maior ao segundo via ocupação desordenada em encostas­ com mais de 45 graus. Tampouco convém afirmar categoricamente ser “o maior desastre natural da história brasileira”; ainda não, pois os deslizamentos na Serra das Araras em 1967, levando-se em consideração os corpos desaparecidos pela inviabilidade da busca, somaram 1,4 mil mortos. Até o fechamento desta edição, o número de mortos não chegava a 900.
A geografia explica que a porção oriental do Sudeste brasileiro em grande parte é dominada por aquilo que Aziz Ab’Saber cunhou como domínio morfoclimático dos Mares de Morros e nós, professores, ensinamos que tal designação refere-se a um relevo embasado por um cráton cristalino recoberto pela floresta tropical atlântica em área de domínio tropical úmido, com verões chuvosos e invernos de estiagem. A topografia irregular dessa faixa intertropical foi esculpido por um alto índice pluviométrico que pode chegar a 4 mil milímetros anuais, como ocorre na Serra do Mar. Logo, sabemos das possibilidades de chuvas torrenciais episódicas que a cada ano castigam algum ponto desse domínio brasileiro. 2010 iniciou-se com tragédias em Angra dos Reis e Niterói. Em 2011, o mesmo se repetiu em Nova Friburgo, Teresópolis e Petrópolis. Em 2012, lamentamos, dificilmente será diferente.
O natural e o social Parece difícil ao homem entender que a natureza coloca algumas placas de aviso: “Não se aproxime!” O homem ignora, retira a cobertura vegetal, coloca em seu lugar concreto ou deixa o solo desnudado e exposto à ação das chuvas. Feito isso, é só esperar pelo pior.
Deslizamentos e ocupação irregular de encostas não são novidades no Brasil. A presidenta acertou em cheio em afirmar que isso é regra, não exceção. Tragédias relacionadas a essa realidade freqüentam o noticiário há décadas. Na leitura daqueles que se debruçam sobre o tema, o problema é bem mais de ordem social e política, mas outros atribuem imediatamente a responsabilidade à natureza tão logo caem as chuvas no verão austral. A interpretação é mais ou menos simples: as tragédias estão ligadas à fortíssima concentração de renda brasileira. Com raras exceções – e as houve nesta tragédia da serra fluminense –, as vítimas normalmente são os pobres. A pergunta é: “O que eles estão fazendo ali?” E a resposta: “Foram empurrados para lá”.
Ousaria afirmar que para nós, geógrafos, os constantes deslizamentos são bem mais uma questão de geografia urbana do que de clima, obviamente, associados. E a conclusão é que não haverá solução se não houver remoção e, a longo prazo, autoridades e sociedade haverão de compreender que sem melhora social o problema se perpetuará. Preocupa-nos particularmente o Novo Código Florestal, que na realidade é um retrocesso ambiental, pois aumentam os riscos ao permitir desmatamento em topos de morros. Será a legalização do caos.­ A ampliação da ocupação das áreas de várzea é outro absurdo do novo código. O nome científico deixa bem claro: várzea de inundação. Pertence ao rio, não a nós. É da natureza fluvial; uma hora ele ocupa!
Nossos colegas historiadores ensinam em suas aulas que, quando da libertação dos escravos, os negros saídos das senzalas iniciaram a ocupação dos morros cariocas, processo que se perpetuou pelos seus descendentes. Portanto, a questão da moradia nas grandes cidades brasileiras está diretamente ligada ao assunto, visto que as migrações internas que provocaram o inchaço urbano foi empurrando para os morros cariocas, paulistas, mineiros etc.

Aquecimento global: vilão conveniente ou ameaça real?

Na reunião anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) de 2010, um dos pontos altos do evento foi o caloroso debate entre aqueles que defendem a importância antropogênica nas mudanças climáticas e os que refutam essa tese. Foram escalados para defender as respectivas posições o físico da USP Paulo Artaxo e o meteorologista, também da USP, Ricardo Felício, cada qual com seus gráficos e tabulações para defender seus respectivos pontos de vista. Longe do linguajar científico, é nítida a preferência pela mídia quanto à primeira perspectiva, especialmente por jornalistas adeptos do estardalhaço em épocas de tragédias, quando de bate-pronto atribuem a responsabilidade das desgraças ambientais ao aquecimento global – ou até ao El Niño, fenômeno ambiental ainda pouco conhecido pela comunidade científica.
O efeito estufa, termo anterior ao atual, mas com o mesmo significado, é um processo natural e necessário à Terra. Contudo, com o advento da sociedade industrial a partir do fim do século XIX, a emissão de gases poluentes como o CO2 (gás carbônico) ou CH4, (gás metano) aumentou em proporções alarmantes. Muitos cientistas atribuem a esse aumento de incidência o aquecimento do planeta que, segundo eles, poderá elevar a temperatura da Terra para entre 2 e 3 graus, o que é muito. O relatório do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), órgão da Organização das Nações Unidas (ONU), aponta para essa direção: 90% das alterações climáticas são causadas pelo homem e apenas 10% são naturais. Dentro dessa tônica, a humanidade está alterando o clima do planeta. E essa interferência vai mexer com a dinâmica atmosférica global, trazendo conseqüências drásticas como o derretimento das calotas polares, aumento de furacões e desertificação em pontos localizados, enchentes etc.
Contudo, essa perspectiva não é unânime na comunidade científica. Há aqueles que defendem a tese de que o homem não tem capacidade para alterar o clima da Terra e outros ainda que advoguem, inclusive, a tese do resfriamento global – estaríamos adentrando em uma nova glaciação. Um dos estudiosos dessa linha de raciocínio (contra a antropogenia) é o professor Luiz Carlos Molion, cientista da área de climatologia.
Totalmente cético à difusão do aquecimento global antropogênico, Molion afirma que a quantidade de gases emitida pela sociedade industrial é irrisória para alterar o clima, especialmente se comparado ao que a vegetação e os oceanos emitem. Outro ponto aventado pelo pesquisador do Instituto de Estudos Avançados de Berlim (Alemanha) é a necessidade praticamente irreversível de demanda energética; há muito discurso sobre a redução do consumo de energia, mas ela só se fará aumentar nos anos vindouros.
Outros corroboram a opinião de que há uma questão ideológica naquilo que classificam como “pseudoaquecimento” global e que tal difusão serviria aos interesses dos países ricos, inviabilizando o desenvolvimento de outros, com um particular embate entre Estados Unidos e China, o primeiro com as boas condições de vida de sua população já garantida, enquanto o segundo, ainda por construir. Seria uma espécie de “ecoterrorismo” para inviabilizar o desenvolvimento de países pobres. Com a inegável consolidação de uma sociedade de consumo mundial, é difícil discordar de que a Terra não agüentará tal tendência. Logo, nessa visão, a melhor forma de preservar o planeta é a não proliferação do consumo, o que esconde uma menção ideológica muito clara: quem garantiu, garantiu! “Não proliferação” não significa reverter o que já está posto.
Destarte o necessário embate científico sobre a real inferência do homem no clima, a verdade é que, independentemente do veredicto, o clima é cíclico e as tragédias verificadas este ano independem totalmente do aquecimento global. É sabido desde sempre pelos climatologistas (defensores ou não do aquecimento global) que o clima de um lugar só se define a longuíssimo prazo. Um ano pode ou não ter chuvas torrenciais, pode ou não ter estiagem. Logo, em regime de clima tropical úmido os aguaceiros eventuais são mais que naturais. Essas chuvas torrenciais já ocorreram antes, hoje e sempre voltarão.


Por: Edilson Adão Cândido da Silva, na Carta Capital.
Em: 04 de Março de 2011.
Acesso em 08 de Março, 2011.



Boas reflexões!
Abraços!